Economia

Aversão a risco reforça necessidade de ajuste, diz Tombini

Tombini disse que as incertezas sobre o crescimento da China e em relação ao câmbio do país reforçam a necessidade de ajuste da economia brasileira


	Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini
 (Wilson Dias/Agência Brasil)

Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini (Wilson Dias/Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 24 de agosto de 2015 às 22h46.

São Paulo - O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse nesta segunda-feira que as incertezas sobre o crescimento da economia chinesa e em relação à taxa de câmbio do país asiático têm adicionado volatilidade aos mercados, reforçando a necessidade de ajuste da economia brasileira.

Em discurso realizado na noite desta segunda-feira em São Paulo, Tombini afirmou que o contexto externo tem sido desafiador especialmente para as economias emergentes, "diante do processo de normalização das condições monetárias nos Estados Unidos e da queda dos preços das commodities".

"O momento em que observamos aversão ao risco, mesmo para com grandes economias emergentes, reforça a necessidade de prosseguirmos com determinação no nosso processo de ajustes e de reforço da resiliência de nossa economia", disse.

Tombini afirmou que o processo de normalização das condições monetárias nos EUA avança "de forma ordenada", embora o mercado esteja dividido sobre o momento em que o Federal Reserve, banco central dos EUA, iniciará o processo de alta dos juros. "O fato de esse movimento ser o mais antecipado e esperado da recente história monetária e de o próprio Fed vir enfatizando que, quando ocorrer, o aumento da taxa de juros se dará de forma gradual e cautelosa, mitiga as repercussões esperadas sobre os mercados, suavizando seus impactos globais, em especial sobre as economias emergentes", disse.

Tombini voltou a afirmar que a inflação acumulada em 12 meses deverá atingir seu pico neste trimestre e permanecer elevada em 2015, "demandando determinação e perseverança para impedir sua transmissão para prazos mais longos".

"Nesse sentido, a política monetária pode, deve e está contendo os efeitos de segunda ordem decorrentes dos ajustes de preços referidos, para circunscrevê-los a este ano", disse Tombini.

Para o próximo ano, o presidente do BC acredita que os impactos do realinhamento de preços na inflação cederão lugar "valores que refletirão melhor o estado corrente das condições monetárias, levando a forte queda na inflação anual já nos primeiros meses do ano".

Tombini manteve ainda o tom da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), ao afirmar que a manutenção do atual patamar da taxa básica de juros "por período suficientemente prolongado é condição necessária para a convergência da inflação para a meta no final de 2016", destacando ainda a necessidade de se permanecer vigilante.

"Os riscos remanescentes para que as projeções de inflação atinjam com segurança o objetivo de 4,5 por cento no final de 2016 são condizentes com o efeito defasado e cumulativo da ação de política monetária, mas exigem que a política monetária se mantenha vigilante em caso de desvios significativos das projeções de inflação em relação à meta", disse.

A Selic foi elevada a 14,25 por cento na reunião do Copom realizada no fim de julho, atingindo o maior patamar em nove anos, quando o BC sinalizou o fim do ciclo de aperto monetário. Segundo o presidente do BC, a percepção imediata de agentes econômicos no momento de queda da atividade econômica e inflação elevada é naturalmente afetada pelos custos relativos ao processo de ajuste. No entanto, ele destacou que à medida que a inflação ceder e o ambiente de estabilidade macroeconômica se consolidar, a percepção tende a mudar, melhorando o estado de confiança dos agentes econômicos.

Acompanhe tudo sobre:Ajuste fiscalAlexandre TombiniBanco CentralEconomistasMercado financeiroPersonalidades

Mais de Economia

Boletim Focus: mercado eleva estimativa de inflação para 2024 e 2025

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega