Martín Guzmán (Mariana Greif/Reuters)
Agência O Globo
Publicado em 2 de julho de 2022 às 18h20.
Última atualização em 2 de julho de 2022 às 19h24.
Depois de muitos meses de desgaste político, devido à crise que atravessa o governo de Alberto Fernández, o ministro da Economia, Martín Guzmán, renunciou ao cargo que ocupava desde o fim de 2019.
Na tarde deste sábado, Guzmán postou no Twitter uma longa carta endereçada ao presidente.
“Com a profunda convicção e confiança em minha visão do caminho que a Argentina deve seguir, continuarei trabalhando e agindo por uma Pátria mais justa, livre e soberana”, disse ele na carta.
Ele ainda lista os avanços conquistados ao longo de 30 meses no governo, destacando o acordo para sanar o rombo da dívida externa externa, além das medidas adotadas no primeiro ano da pandemia e o crescimento da Argentina em 2021.
Agradece repetidamente ao presidente pela parceria e esforços, mas deixa claro que seu desembarque tem razões políticas.
“O momento pede que quem o Senhor designe assuma as rédeas do Ministério que até hoje tive a honra de comandar. Com base na experiência que tive, considero ser primordial que trabalhe em um acordo político dentro da coalizão governante para que quem me substituir, e que terá essa alta responsabilidade, conte com uma gestão centralizada e com os instrumentos de política macroeconômica necessários para consolidar os avanços descritos e fazer frente aos desafios que virão”, explicou.
Complementando que “isso ajudará a quem me suceder a levar adiante projetos condizentes ao progresso econômico e social com o apoio político que é necessário para que sejam efetivos”.
O momento em que o governante optou por tornar pública sua decisão coincidiu com o discurso que Cristina Kirchner fazia na cidade de Ensenada, na província de Buenos Aires, renovando suas críticas ao rumo econômico.
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A renúncia de Guzmán é uma clara derrota política do presidente Alberto Fernández, em sua disputa permanente e cada vez mais pública e feroz com a vice-presidente. Há menos de um mês, em meio a pressões do kirchnerismo, Fernández afastou o ex-ministro da Produção, Matias Kulfas, que foi substituído pelo ex-embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli.
Tanto Kulfas como Guzmán vinham sendo questionados por Cristina e seus aliados, que culparam a equipe econômica pela derrota do governo nas eleições legislativas de 2021. Com a saída de Guzmán, surgem sérias dúvidas sobre a sustentabilidade de Fernández, faltando um ano e três meses para as eleições presidenciais de 2023.
O Banco Central da República da Argentina (BCRA) decidiu proibir o parcelamento de compras realizadas no exterior, em mais um esforço para conter a saída de dólares do país e mitigar a recente desvalorização do peso argentino.
Em comunicado, a autoridade monetária informou que, a partir da próxima segunda-feira, dia 4, operadoras de cartão de crédito e provedoras de serviços financeiros poderão autorizar compras fora do país apenas à vista. A medida deve conter o consumo estrangeiro, já que a nação latino-americana enfrenta uma série de dificuldades econômicas.
Desde o início do ano, o dólar avançou mais de 20% ante o peso argentino, cotado a 125,453 pesos nesta sexta-feira, 1. Buenos Aires dispõe de reservas limitadas de moedas internacionais, em um cenário de inflação elevada e aperto monetário. No final do mês passado, o Fundo Monetário Internacional (FMI) aprovou o desembolso imediato de cerca de US$ 4 bilhões ao país.
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