Economia

Ambiente externo mantém-se adverso e volátil, diz ata do Copom

O colegiado citou o aperto das condições financeiras nas principais economias, a continuidade da Guerra na Ucrânia e a manutenção da política de combate à covid-19 na China

O BC ressalta que a determinação dos bancos centrais em reduzir as pressões inflacionárias (Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

O BC ressalta que a determinação dos bancos centrais em reduzir as pressões inflacionárias (Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 1 de novembro de 2022 às 10h18.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reforçou nesta terça-feira, por meio da ata de seu encontro de outubro, que o ambiente externo mantém-se adverso e volátil, com revisões negativas para o crescimento global.

O colegiado citou o aperto das condições financeiras nas principais economias, a continuidade da Guerra na Ucrânia e a manutenção da política de combate à covid-19 na China como os principais fatores que reforçam a perspectiva de desaceleração global nos próximos trimestres.

Além disso, o BC ressalta que a determinação dos bancos centrais em reduzir as pressões inflacionárias e ancorar as expectativas elevam o risco de uma desaceleração global mais pronunciada. "Houve um ajuste na extensão e na velocidade do ciclo de aperto de política monetária em alguns países avançados, o que provocou um novo aperto de condições financeiras", acrescentou o documento.

Após manter a Selic (taxa básica de juros) em 13,75% ao ano pela segunda reunião consecutiva, o Copom ressaltou que o ambiente inflacionário global segue desafiador. O colegiado cita a normalização incipiente em cadeias de suprimento e uma queda nos preços das commodities, o que pode moderar as pressões inflacionárias de bens.

Quer receber os fatos mais relevantes do Brasil e do mundo direto no seu e-mail toda manhã? Clique aqui e cadastre-se na newsletter gratuita EXAME Desperta.

"Por outro lado, o baixo grau de ociosidade do mercado de trabalho em algumas economias, aliado a uma inflação corrente elevada e com alto grau de difusão, sugere que pressões inflacionárias no setor de serviços podem demorar a se dissipar" alerta o Copom.

A ata lembra que o processo de normalização da política monetária nos países avançados prossegue na direção de taxas restritivas de forma sincronizada entre países. Segundo o BC, esse movimento aperta as condições financeiras, impacta as expectativas de crescimento econômico e eleva o risco de movimentos abruptos de reprecificação nos mercados.

Sem citar diretamente a troca de governo no Reino Unido no mês passado, o Copom repetiu que há uma maior sensibilidade dos mercados a fundamentos fiscais, inclusive em países avançados, e reforçou que essa reação inspira maior atenção para países emergentes. "A conjunção de taxas de juros mais altas com endividamentos soberanos em patamares historicamente elevados suscita questionamentos sobre a sustentabilidade do endividamento público em diversos países", acrescentou.

A ata aponta ainda que a menor liquidez presente nos mercados de títulos soberanos eleva a percepção de riscos e demanda monitoramento. "O Comitê segue acompanhando os riscos relacionados à desaceleração global e ao aumento da aversão a risco, em ambiente de inflação significativamente pressionada", enfatizou o documento.

LEIA TAMBÉM:

Copom ‘hawkish’? BC reforça mensagem em nova decisão, diz Rio Bravo

Selic em 13,75% ao ano: quanto rendem R$ 5 mil, R$ 10 mil e R$ 15 mil

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralCopomeconomia-brasileira

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor