Economia

Alta de inflação pode elevar desigualdade, avalia FGV

"Essas famílias estão menos protegidas contra aumentos de preços. Você dá com uma mão, a inflação tira com a outra", explica Braz


	Inflação: "Isso veio em função dos in natura. Houve atraso no período do choque, o impacto climático geralmente vem mais cedo", explica o pesquisador
 (Elza Fiúza/ABr)

Inflação: "Isso veio em função dos in natura. Houve atraso no período do choque, o impacto climático geralmente vem mais cedo", explica o pesquisador (Elza Fiúza/ABr)

DR

Da Redação

Publicado em 7 de dezembro de 2015 às 12h30.

Rio - O quadro da inflação percebida pelas famílias da baixa renda pouco deve mudar até o fim do ano, avalia o economista André Braz, pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV).

A alta de 11,22% em 12 meses no Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-C1) até novembro deve remanescer em dezembro e pode promover o aumento da desigualdade entre classes no Brasil.

"Essas famílias estão menos protegidas contra aumentos de preços. Você dá com uma mão, a inflação tira com a outra", explica Braz.

"A inflação tem sido mais elevada justamente onde o orçamento dos mais pobres é mais exigido. Alimentação, habitação, com as contas de luz, e os transportes, que incluem ônibus, foram os grupos que mais subiram ao longo deste ano, com altas de dois dígitos e acima da média nacional", acrescenta Braz.

Apenas em novembro, a inflação da baixa renda subiu 1,06%, mais uma vez acima da média das famílias brasileiras, divulgou nesta segunda-feira, 7, a FGV. Os alimentos foram os protagonistas, diante do avanço de 2,32%.

"Isso veio em função dos in natura. Houve atraso no período do choque, o impacto climático geralmente vem mais cedo", explica o pesquisador.

"Mas também há uma pressão de custo. Em 12 meses, hortaliças e legumes já subiram mais de 36%. Os gastos com energia, água e frete aumentaram."

Além dos alimentos in natura, as carnes também ficaram 1,25% mais caras, um impacto e tanto, já que o item responde por 3,2% das despesas da baixa renda - quase o equivalente à energia elétrica.

"Tenho certeza de que essa pressão de alimentos vai aliviar um pouco. Mas o índice como um todo não deve desacelerar muito, ficando em torno de 0,9% (em dezembro)", afirma Braz.

Acompanhe tudo sobre:EmpresasFGV - Fundação Getúlio VargasInflaçãorenda-pessoal

Mais de Economia

Governo sobe previsão de déficit de 2024 para R$ 28,8 bi, com gastos de INSS e BPC acima do previsto

Lula afirma ter interesse em conversar com China sobre projeto Novas Rotas da Seda

Lula diz que ainda vai decidir nome de sucessor de Campos Neto para o BC

Banco Central aprimora regras de segurança do Pix; veja o que muda

Mais na Exame