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A redescoberta do campo

O ministro da Agricultura, Marcus Vinicius Pratini de Moraes, pode colocar em seu currículo um feito e tanto: conseguiu arrancar elogios de um setor tradicionalmente reclamão como o campo. Numa conversa com EXAME, Pratini fala sobre alguns dos motivos que fazem dele um dos ministros da pasta mais elogiados da história do país. SOBRE A […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h37.

O ministro da Agricultura, Marcus Vinicius Pratini de Moraes, pode colocar em seu currículo um feito e tanto: conseguiu arrancar elogios de um setor tradicionalmente reclamão como o campo. Numa conversa com EXAME, Pratini fala sobre alguns dos motivos que fazem dele um dos ministros da pasta mais elogiados da história do país.

SOBRE A VIRADA NO CAMPO
Quando cheguei ao ministério, em 1999, encontrei um caminhonaço. Os agricultores tinham ocupado a Esplanada dos Ministérios para protestar. Renegociamos a dívida desse pessoal. Era uma dívida impagável, com correção monetária. Noventa e oito por cento dos agricultores que tinham dívida voltaram a ter crédito. Com isso, o agricultor melhorou sua auto-estima e passou a ter mais confiança e coragem de investir. Houve também um empenho sistemático de mostrar que o que garante hoje o Brasil é o agronegócio. Houve uma redescoberta do campo. Assiste-se a uma explosão no Centro-Oeste, com grandes resultados em soja e algodão. Há também uma grande renovação da pecuária, com enormes inovações tecnológicas.

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SOBRE A NOVA AGRICULTURA
Há um mito que estamos buscando desfazer. O de que o campo é um setor conservador e atrasado. É o contrário. A agricultura hoje é um dos setores de mais alto nível tecnológico, no Brasil e no mundo. Quem visita uma propriedade agrícola moderna vai ver uma colheitadeira com GPS igual ao usado nos aviões, produtores de sementes com alta genética e especialistas fazendo alguns ensaios da chamada agricultura de precisão. Temos hoje uma agricultura tecnificada, que fornece empregos de melhor salário. Antigamente era o cara na enxada. Hoje é o técnico que precisa de conhecimentos de computação para dirigir um trator, trabalhar com comercialização ou cuidar da logística.

SOBRE A ABERTURA DE NOVOS MERCADOS
Depois dos problemas surgidos com a doença da vaca louca, provamos que nosso gado é herbívoro e o risco de contaminação é mínimo. A partir daí, passamos a ocupar mercados perdidos por outros países, não só de carne bovina mas também de carne suína e de frango. Hoje, o mundo inteiro come a carne brasileira. Ela está presente em 86 mercados. Exportamos no ano passado 1 bilhão de dólares a mais do que em 2000. No período de 12 meses encerrado em setembro, as exportações de carne chegaram a 3 bilhões de dólares. Em vez de apenas vender soja em grão, estamos exportando frango e porco. Há três anos, as vendas de carne de porco para a Rússia eram zero. Neste ano, devem chegar a 350 milhões de dólares. Abrimos o mercado canadense para o peito de frango e há pouco concluímos uma negociação com o governo da China. Se prosseguirmos com firmeza em nossa política de sanidade animal, seremos os maiores exportadores de carne do mundo dentro de três anos.

SOBRE AS BARREIRAS PROTECIONISTAS
Não somos contra os apoios internos à agricultura. O que objetamos é aos subsídios à exportação, como é o caso da soja e do algodão, porque eles deprimem os preços no mercado internacional. A Europa já anunciou uma nova política agrícola, que está em debate e deve ser implementada nos próximos anos. Em vez de dar subsídios por tonelada produzida, os europeus vão subsidiar a renda do produtor, separando-a do nível de produção -- proposta que vai exatamente ao encontro do que estamos sugerindo.

SOBRE A CAPACIDADE DE NEGOCIAÇÃO DO PAIS
Estamos treinando 30 negociadores no Ministério da Agricultura -- agrônomos, veterinários e alguns economistas e advogados -- para nos assessorar nessas negociações internacionais. Mantemos, além disso, seis brasileiros em Washington, num laboratório da Embrapa que realiza trabalhos em conjunto com o Departamento de Agricultura americano. Há 15 dias, abrimos um laboratório brasileiro em Montpellier, na França. Estamos conversando com a China com o mesmo objetivo. Internamente, estamos renovando nossos quadros. Há 24 anos o Ministério da Agricultura não fazia concursos. Agora, está contratando 1 374 agrônomos e veterinários. A Embrapa, há 14 anos sem concursos, deve concluir até o fim do ano a contratação de 1 210 pesquisadores e técnicos.

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