ILAN GOLDFAJN, PRESIDENTE DO BANCO CENTRAL: o “complexo de Wiedman” do Banco Central brasileiro é o que está retardando o aparecimento do ciclo de recuperação / Marcelo Camargo/ Agência Brasil (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 31 de agosto de 2016 às 21h18.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 18h50.
Na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de ontem, o número veio como previsto: a manutenção da taxa de juros em 14,25%. Mas o discurso do banco surpreendeu e voltou a instaurar uma dúvida sobre quando a tão sonhada queda de juros será iniciada. No último parágrafo do comunicado, o Copom substituiu a rotineira frase de que “não há espaço para corte de juros”, por uma lista de fatores que podem levar à queda da taxa nas próximas reuniões.
“O comunicado deixou em aberto uma mudança em outubro, enquanto a maioria do mercado espera a queda a partir de novembro”, afirma Marco Caruso, economista do banco Pine. Os fatores listados pelo Banco Central (BC) são três: uma limitação na persistência da alta dos alimentos na inflação, a desinflação de outros componentes do IPCA mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica e ainda “a redução da incerteza sobre a aprovação e implementação dos ajustes necessários na economia, incluindo a composição das medidas de ajuste fiscal, e seus respectivos impactos sobre a inflação”.
O grande problema é a inflação. Na última prévia de agosto, medida pelo IPCA-15, o preço dos alimentos subiu 0,78%. Itens como educação e saúde também aceleraram. Outra indefinição é a PEC do teto dos gastos públicos, citada no terceiro ponto do comunicado – que, na visão de analistas políticos, pode ficar para o ano que vem.
Ontem, antes da decisão do Banco Central, as notícias que circularam eram de que o governo já contava com um início de corte de juros apenas em 2017. O mercado anda mais otimista: o último boletim Focus prevê os juros em 13,75% no fim do ano. A queda é tida por especialistas como fundamental para iniciar uma retomada dos investimentos e do crescimento no país. A próxima reunião do Copom é nos dias 18 e 19 de outubro.