Ciência

Vivemos em um universo paralelo? Estudo mostra que 'Stranger Things' pode estar muito próxima de nós

Conceitos apresentados na série da Netflix são discutidos pela comunidade científica há mais de 70 anos

Stranger Things: série da Netflix chega à ultima temporada neste ano (Divulgação)

Stranger Things: série da Netflix chega à ultima temporada neste ano (Divulgação)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 24 de dezembro de 2025 às 08h00.

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Ao longo de cinco temporadas, a série "Stranger Things", da Netflix, retrata a rotina de um grupo diverso de adolescentes e de seus pais em uma pequena cidade fictícia do estado de Indiana. A tranquilidade local é interrompida quando criaturas vindas de outra dimensão — liberadas por experimentos sigilosos conduzidos em um laboratório governamental — passam a interferir diretamente na vida da comunidade.

Elementos como Demogorgons, o Monstro das Sombras e crianças de 12 anos com habilidades psicocinéticas pertencem exclusivamente ao campo da ficção. Já a ideia de um "universo paralelo", que estrutura a narrativa da série — prevista para encerrar sua trajetória de quase dez anos no final deste ano — tem origem em debates reais da física teórica. Esse conceito é discutido por cientistas há cerca de 75 anos, segundo um estudo publicado na revista científica Nature.

Interpretação de "muitos mundos"

Mesmo situada entre a fantasia e a ficção científica, "Stranger Things" recorre a noções conhecidas da física. Fenômenos do eletromagnetismo são usados para explicar bússolas que perdem o rumo e ímãs que se soltam de superfícies metálicas.

Na terceira temporada, os personagens utilizam a constante de Planck como parte de um plano para fechar um portal que conecta o mundo real ao chamado Mundo Invertido — ainda que o valor mencionado corresponda ao padrão de 2014, e não ao utilizado na década de 1980.

Entre os conceitos científicos citados ao longo da trama, o mais recorrente é a interpretação de muitos mundos da mecânica quântica. Ao suspeitarem que um amigo estaria preso no Mundo Invertido, três pré-adolescentes recorrem ao professor de ciências para entender como seria possível alcançá-lo. Ele responde: "Vocês estavam pensando na interpretação de muitos mundos de Hugh Everett, não é?"

Na década de 1950, o físico americano Hugh Everett apresentou essa proposta como uma forma alternativa de explicar os fundamentos da física quântica, e a teoria passou a ganhar adesão ao longo do tempo. A ideia busca responder ao chamado problema da medição, que trata da forma como sistemas quânticos aparentam ocupar múltiplos estados ao mesmo tempo — como um elétron presente simultaneamente em duas posições distintas — até o instante em que são observados.

A interpretação mais difundida desse fenômeno, conhecida como interpretação de Copenhague, sustenta que o elétron não observado existe em um estado probabilístico indefinido e só assume uma condição específica no momento da medição. Everett apresentou uma hipótese diferente: o elétron estaria, de fato, em todos os estados possíveis ao mesmo tempo.

Quando ocorre a medição, o universo se dividiria, e cada resultado passaria a existir em um mundo distinto. Dessa forma, a soma dos estados quânticos das partículas daria origem a um número ilimitado de universos — os chamados muitos mundos.

Teoria controversa

Parte da comunidade científica considera essa abordagem excessivamente complexa. Para esses pesquisadores, se os diferentes mundos não interagem entre si, não haveria meios experimentais de confirmar ou refutar a teoria, como aponta Jorge Pullin, físico teórico da Universidade Estadual da Louisiana, em Baton Rouge.

Outros cientistas, no entanto, veem a interpretação de muitos mundos como uma explicação coerente e consistente com os dados disponíveis. É o caso de Sean Carroll, físico teórico da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, Maryland, que também atuou como consultor científico em produções de ficção científica. "Há muitas pessoas que acham que esta é a versão mais simples da mecânica quântica e que se encaixa em todos os dados", afirma.

Entre as diversas interpretações da mecânica quântica, a de muitos mundos ocupa atualmente a terceira posição em popularidade entre os físicos da área, de acordo com uma pesquisa realizada pela revista Nature no início deste ano.

Quando estreiam os novos episódios de "Stranger Things"?

O volume 2 da quinta e última temporada de Stranger Things vai ao ar no dia 25 de dezembro, às 22h e contará com três novos episódios. O episódio final da série será lançado no dia 31 de dezembro, também às 22h, com duração de 2 horas e 5 minutos.

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