Vacina contra covid-19 à base de plantas entra em fase 2 e 3 de testes
Os testes finais de fase 3 vão começar no final do ano e serão realizados com 30 mil voluntários na América do Norte, América Latina e Europa
AFP
Publicado em 12 de novembro de 2020 às 19h32.
O laboratório canadense Medicago e o britânico GlaxoSmithKline (GSK) anunciaram nesta quinta-feira (12) o início dos ensaios clínicos de fase 2 e 3 de sua vacina contra a covid-19, uma das candidatas em desenvolvimento ao redor do mundo.
Os testes finais de fase 3 desta vacina à base de plantas vão começar no final do ano e serão realizados com 30 mil voluntários na América do Norte, América Latina e Europa, de acordo com um comunicado conjunto.
Os testes da fase 2 serão realizados em vários locais do Canadá e, se houver aprovação do governo, nos Estados Unidos.
Uma corrida global contra o tempo segue a todo vapor para encontrar vacinas contra a pandemia do novo coronavírus, que atingiu dezenas de milhões de pessoas e prejudicou profundamente a economia mundial.
Na terça-feira, a Medicago obteve uma resposta imunológica "encorajadora" de "100%" em 180 pessoas saudáveis que participaram de seus estudos clínicos de fase 1.
A vice-presidente executiva da empresa para assuntos científicos e médicos, Nathalie Landry, afirmou que esses resultados "justificam totalmente a continuação dos testes clínicos".
O diretor médico da GSK, Thomas Breuer, disse que a GSK está "confiante em fornecer uma vacina eficaz com um perfil de segurança aceitável em colaboração com a Medicago".
"Esta é a primeira de várias colaborações da GSK na vacina candidata contra a covid-19 para iniciar os ensaios clínicos de fase 2/3 e um passo importante em nossa contribuição na luta global contra a pandemia", declarou.
A expectativa é que os estudos confirmem que tanto a fórmula quanto a dosagem, administradas com 21 dias de intervalo, são seguras e acionam uma resposta imunológica do corpo em adultos saudáveis com idades entre 18 e 64 anos e em idosos acima dos 65 anos de idade.
Em outubro, o governo canadense prometeu até 173 milhões de dólares canadenses (132 milhões de dólares) para ajudar a desenvolver a vacina e fez um pedido provisório de 76 milhões de doses.
Como estamos?
Por Tamires Vitorio
Das 47 em fases de testes, apenas 10 estão na fase 3, a última antes de uma possível aprovação. São elas a chinesa da Sinovac Biotech, a também chinesa da Sinopharm, a britânica de Oxford em parceria com a AstraZeneca, a americana da Moderna, da Pfizer e BioNTech, a russa do Instituto Gamaleya, a chinesa CanSino, a americana Janssen Pharmaceutical Companies e a também americana Novavax.
Quem terá prioridade para tomar a vacina?
Nenhuma vacina contra a covid-19 foi aprovada ainda, mas os países estão correndo para entender melhor qual será a ordem de prioridade para a população uma vez que a proteção chegar ao mercado. Um grupo de especialistas nos Estados Unidos , por exemplo, divulgou em setembro uma lista de recomendações que podem dar uma luz a como deve acontecer a campanha de vacinação.
Segundo o relatório dos especialistas americanos (ainda em rascunho), na primeira fase deverão ser vacinados profissionais de alto risco na área da saúde, socorristas, depois pessoas de todas as idades com problemas prévios de saúde e condições que as coloquem em alto risco e idosos que morem em locais lotados.
Na segunda fase, a vacinação deve ocorrer em trabalhadores essenciais com alto risco de exposição à doença, professores e demais profissionais da área de educação, pessoas com doenças prévias de risco médio, adultos mais velhos não inclusos na primeira fase, pessoas em situação de rua que passam as noites em abrigos, indivíduos em prisões e profissionais que atuam nas áreas.
A terceira fase deve ter como foco jovens, crianças e trabalhadores essenciais que não foram incluídos nas duas primeiras. É somente na quarta e última fase que toda a população será vacinada.
Quão eficaz uma vacina precisa ser?
Segundo uma pesquisa publicada no jornal científico American Journal of Preventive Medicine uma vacina precisa ter 80% de eficácia para colocar um ponto final à pandemia. Para evitar que outras aconteçam, a prevenção precisa ser 70% eficaz.
Uma vacina com uma taxa de eficácia menor, de 60% a 80% pode, inclusive, reduzir a necessidade por outras medidas para evitar a transmissão do vírus, como o distanciamento social. Mas não é tão simples assim.
Isso porque a eficácia de uma vacina é diretamente proporcional à quantidade de pessoas que a tomam, ou seja, se 75% da população for vacinada, a proteção precisa ser 70% capaz de prevenir uma infecção para evitar futuras pandemias e 80% eficaz para acabar com o surto de uma doença.
As perspectivas mudam se apenas 60% das pessoas receberem a vacinação, e a eficácia precisa ser de 100% para conseguir acabar com uma pandemia que já estiver acontecendo — como a da covid-19.
Isso indica que a vida pode não voltar ao “normal” assim que, finalmente, uma vacina passar por todas as fases de testes clínicos e for aprovada e pode demorar até que 75% da população mundial esteja vacinada.