Vacina contra chikungunya é eficaz e segura, apontam resultados de teste clínicos
Este estudo de fase 3 foi realizado em 43 centros de testes de vacinas profissionais nos Estados Unidos
Agência de notícias
Publicado em 13 de junho de 2023 às 11h53.
Testes clínicos indicam que pode estar próximo o desenvolvimento de uma vacina eficaz e segura contra a chikungunya, doença transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti (vetor também da dengue) e Aedes albopictus (transmissor da febre amarela).
Artigo publicado pela revista científica Lancet com o resultado de um ensaio clínico de fase três da vacina identificada pela sigla VLA1553, desenvolvida pela empresa farmacêutica franco-austríaca Valneva, relata que o imunizante foi capaz de induzir a criação de anticorpos contra o vírus chikungunya. Existem outros ensaios dessa mesma fase ainda em curso - um deles com adolescentes no Brasil.
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Este estudo de fase 3 foi realizado em 43 centros de testes de vacinas profissionais nos Estados Unidos. Os participantes eram voluntários saudáveis com 18 anos de idade ou mais. Segundo o artigo, de 17 de setembro de 2020 a 10 de abril de 2021, 6.100 pessoas se dispuseram a participar do teste e foram examinadas; 1.972 pessoas foram excluídas e 4.128 foram aprovados. Desses, 3.093 tomaram a vacina e 1.035 receberam placebo. Desistiram do teste antes do fim da pesquisa 358 pessoas vacinadas e 133 que receberam placebo.
O teste avaliou 362 participantes (266 que tomaram a vacina e 96 que receberam placebo). Após uma única dose, a VLA1553 induziu a criação de anticorpos contra o vírus chikungunya em 263 (98,9%) dos 266 vacinados, 28 dias após a imunização, independente da idade.
A vacina foi considerada segura, com um perfil de eventos adversos semelhante ao de outras vacinas licenciadas e igualmente bem tolerada em adultos jovens e idosos. Eventos adversos graves foram relatados em 46 (1,5%) dos participantes expostos ao VLA1553 e oito (0,8%) dos participantes que receberam placebo. Apenas dois eventos adversos graves foram considerados relacionados ao tratamento com VLA1553: uma mialgia leve e uma síndrome de secreção inapropriada de hormônio antidiurético. Os dois participantes se recuperaram totalmente.
“Ela poderia representar a primeira vacina contra o chikungunya para quem vive em regiões endêmicas, bem como para viajantes”, afirmou Martina Schneider, chefe de estratégia clínica da Valneva e principal autora do estudo.
O teste realizado no Brasil, com 750 voluntários adolescentes de 12 a 17 anos e duração de 15 meses, deve ser concluído em breve. Segundo a empresa, autoridades americanas podem aprovar a vacina a partir de agosto.
Qual é os sintomas da chikungunya?
Identificada pela primeira vez na Tanzânia em 1952, a chikungunya chegou ao Brasil em 2013, mas se alastrou bastante. Desde então, mais de 250 mil pessoas contraíram a doença no País.
Seus principais sintomas são febre acima de 38,5 graus, de início repentino, e dores intensas nas articulações de pés e mãos - dedos, tornozelos e pulsos. Podem ocorrer também dores de cabeça e nos músculos, além do surgimento de manchas vermelhas na pele. Cerca de 30% dos casos não chegam a desenvolver sintomas. O início dos sintomas pode demorar de dois a dez dias após a infecção (o chamado período de incubação).
A principal diferença entre a dengue e a chikungunya é a dor nas articulações, muito mais intensa na chikungunya, afetando principalmente pés e mãos, geralmente tornozelos e pulsos. Ao contrário do que acontece com a dengue, não existe uma forma hemorrágica da doença e é raro surgirem complicações graves, embora a artrite possa continuar ativa por muito tempo.