Ciência

Vacina brasileira contra dependência em crack e cocaína é finalista de prêmio internacional

A Calixcoca funciona no sistema imune, induzindo a produção de anticorpos que se ligam à cocaína na corrente sanguínea

Vacina contra coronavírus. (Clodagh Kilcoyne/Reuters)

Vacina contra coronavírus. (Clodagh Kilcoyne/Reuters)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 30 de maio de 2023 às 20h43.

Uma vacina desenvolvida pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) contra a dependência em crack e cocaína está indicada ao Prêmio Euro, que reconhece o potencial de inovação dos profissionais latino-americanos de Medicina. Batizado de 'Calixcoca', o imunizante já teve a segurança e eficácia provados nas fases pré-clínicas do estudo e agora busca fundos para realizar os testes em humanos.

A Calixcoca funciona no sistema imune, induzindo a produção de anticorpos que se ligam à cocaína na corrente sanguínea. Essa ligação transforma a droga numa molécula grande, que não passa pela barreira hematoencefálica. Idealmente, a proposta visa bloquear a absorção da cocaína e dos seus derivados, como o crack.

"Esse é um problema prevalente, vulnerabilizante e sem tratamento específico. Os nossos estudos pré-clínicos comprovam a segurança e eficácia da vacina nesta aplicação. Ela aporta uma solução que permite aos pacientes com dependência se reinserir socialmente e voltar a realizar seus sonhos", explica o professor e pesquisador responsável Frederico Garcia, do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina.

O objetivo da vacina, que começou a ser desenvolvida em 2015, é impedir a dependência e "recaída" dos pacientes em tratamento, "dando mais tempo para eles reconstruírem sua vida sem a droga", segundo Garcia. Até o momento, o projeto foi completamente custeado por verbas públicas.

Os testes da fase pré-clínica também foram feitos com ratas grávidas e, segundo os resultados iniciais, a Calixcoca impediu que a cocaína e o crack chegassem à placenta ou ao feto. A patente da vacina já foi depositada pela Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT) da UFMG.

Os demais finalistas do Prêmio Euro são: Plataforma multimédia "Nonu, acompanha-me para curar" (Costa Rica), A realidade virtual como suporte diagnóstico e terapêutico da ansiedade social (Chile), Capacete de Respiração Assistida Elmo (Ceará), CircPress - Circuito Automático de Compressões Torácicas e Desfibrilação (Minas Gerais), Endopróteses vasculares conectoras sem sutura - endoHub (Santa Catarina), Desenvolvimento de um algoritmo para prever o benefício do tratamento em idosos com câncer (Chile), AngelUS Soluções em Saúde (Minas Gerais), Dispositivo de reexpanssion pulmonar (Colômbia), Desenvolvimento e validação de teste rápido para detecção de anticorpos IgG contra o HTLV-1 (Bahia), Projeto Hilab Lens: Leitor Hematológico Point-of-Care (Paraná), Machine Learning para Transplante - ML4Tx (São Paulo), Diagnóstico e vigilância de infecções virais por sequenciamento de nova geração (São Paulo), Projeto Aico - Esfíncter Artificial para Colostomias (Paraná), Uso de realidade virtual imersiva no treinamento cognitivo de vítimas de traumatismo cranioencefálico (São Paulo).

O Prêmio Euro é oferecido pela farmacêutica Eurofarma e podem disputar qualquer profissional de Medicina com registro ativo nos seguintes países: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Uruguai Paraguai, Peru, Equador, México, Colômbia, Guatemala, El Salvador, Nicarágua, Panamá, Costa Rica, Honduras e República Dominicana. Saiba mais sobre a votação aqui.

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