Ciência

Tintas usadas em tatuagens podem gerar riscos à saúde, diz estudo

Um relatório da Comissão Europeia analisa o nível de segurança de tatuagens e maquiagens definitivas e mostra que a maioria pode danificar a pele

Tatuagem: procedimento pode gerar efeitos adversos, como problemas na pigmentação da pele (Mbragion via Pixabay)

Tatuagem: procedimento pode gerar efeitos adversos, como problemas na pigmentação da pele (Mbragion via Pixabay)

E

EFE

Publicado em 11 de janeiro de 2017 às 14h25.

Bruxelas - Um relatório da Comissão Europeia, e que à Agência Efe teve acesso, revela que as tintas utilizadas em muitos lugares para fazer tatuagens contém pigmentos de baixa pureza, não fabricados especificamente para a pele e que podem gerar riscos à saúde.

O estudo, que analisa o nível de segurança de tatuagens e maquiagens definitivas, mostra que a maioria das tintas vem dos Estados Unidos e pode danificar a pele, principalmente quando expostas aos raios ultravioleta e ao laser.

Cerca de 80% delas são orgânicas e mais de 60% são corantes azóicos, e o documento adverte que em alguns casos podem liberar aminoácidos aromáticos cancerígenos.

Segundo o texto, no mercado europeu é possível encontrar produtos para tatuagem e maquiagem permanente que possuem substâncias químicas perigosas.

O Executivo comunitário indica que, segundo as estatísticas, 12% dos europeus e 24% dos cidadãos dos Estados Unidos são tatuados. Segundo o relatório, são poucas as informações disponíveis, por exemplo, sobre as complicações que uma tatuagem pode gerar e não existe um levantamento sistemático de dados.

No entanto, a maioria das reivindicações está relacionada ao processo de cicatrização, apesar de só 5% das pessoas terem chance de ter infecções bacterianas ocasionadas pelo procedimento.

"Algumas reações, frequentemente agravadas pela exposição ao sol, são imprevisíveis e podem aparecer às vezes décadas depois", explica a Comissão Europeia.

Já outros efeitos adversos, como problemas na pigmentação da pele "podem afetar de 5% a 15% dos pacientes que utilizam um tratamento de laser e que nem sempre é efetivo na hora de remover a tatuagem não desejada". Além disso, as potenciais consequências da exposição aos químicos presentes nas tintas em longo prazo "ainda são desconhecidos" e podem ser questões significativas dentro de alguns anos, dado o grande número de pessoas tatuadas.

De acordo com a Comissão Europeia, faltam métodos para estudar as tintas e seria preciso atualizar os requisitos vigentes para os produtos químicos e suas classificações.

A entidade apela para boas práticas para a fabricação das tintas e das diretrizes sobre a avaliação de riscos, principalmente dos componentes.

O órgão ainda alerta sobre a fragmentação que existe no mercado devido às distintas legislações, que fazem com que alguns produtos possam ser vendidos em alguns países da União Europeia e em outros não, gerando impacto na proteção dos consumidores.

As conclusões do estudo pretendem apresentar provas científicas para decidir se é necessário implantar medidas em nível de bloco para garantir a segurança das tintas e dos processos.

Atualmente, não há legislação específica na Europa sobre as tatuagens nem sobre maquiagens definitivas e, embora algumas substâncias estejam proibidas de entrar em contato direto com a pele, essas normas não são aplicadas às tintas para tatuar.

Acompanhe tudo sobre:EuropaSaúdeTatuagem

Mais de Ciência

Novo Nordisk busca aprovação de medicamento contra obesidade em crianças menores de 12 anos

Reino Unido testa vacina contra câncer que mata 1,8 milhão de pessoas por ano

Nova fórmula para representar o número Pi é descoberta: o que isso significa?

Estudo encontra mais de 700 tipos de bactérias em micro-ondas