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Teste de vacina da AstraZeneca pode ter parado por doença aleatória

Universidade de Oxford explicou que testes são suspensos quando voluntários desenvolvem sintomas neurológicos inexplicáveis

AstraZeneca: efeitos adversos podem não estar associados à própria vacina (Dado Ruvic/Reuters)
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Reuters

Publicado em 16 de setembro de 2020 às 18h46.

Última atualização em 16 de setembro de 2020 às 18h55.

Os efeitos adversos que levaram a uma interrupção nos testes de avaliação da candidata a vacina contra covid-19 da AstraZeneca podem não estar associados à própria vacina, de acordo com um documento publicado pela Universidade de Oxford na internet que detalha informações dos participantes.

A inscrição nos testes globais da vacina da farmacêutica britânica, que está desenvolvendo o imunizante juntamente com pesquisadores de Oxford, foi suspensa no dia 6 de setembro depois que um participante do teste realizado no Reino Unido teve um efeito colateral grave que se acreditou ser uma inflamação da medula espinhal chamada de mielite transversa.

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Avaliações de segurança foram realizadas quando voluntários dos teste da candidata a vacina, batizada de AZD1222 ou ChAdOx1 nCoV-19, desenvolveram sintomas neurológicos inexplicáveis, como alterações nos sentidos ou fraqueza nos membros, e o estudo foi suspenso para se conduzir uma avaliação de segurança, segundo o documento.

"Após uma avaliação independente, ou se considerou improvável estas doenças estarem associadas à vacina ou não havia indícios suficientes para dizer com certeza que as doenças estavam ou não associadas à vacina", disse o documento.

Os testes da vacina foram retomados no Reino Unido, no Brasil e na África do Sul, mas não nos Estados Unidos.

A AstraZeneca e a Universidade de Oxford não responderam de imediato a pedidos de comentário da Reuters.

Quais são as fases de uma vacina?

Para uma vacina ou medicação ser aprovada e distribuída, ela precisa passar por três fases de testes. A fase 1 é a inicial, quando as empresas tentam comprovar a segurança de seus medicamentos em seres humanos; a segunda é a fase que tenta estabelecer que a vacina ou o remédio produz, sim, imunidade contra um vírus, já a fase 3 é a última fase do estudo e tenta demonstrar a eficácia da droga.

Uma vacina é finalmente disponibilizada para a população quando essa fase é finalizada e a proteção recebe um registro sanitário. Por fim, na fase 4, a vacina ou o remédio é disponibilizado para a população.

As outras que também estão na na fase três de testes são as versões da americana Moderna e a da chinesa Sinovac, que também será testada no Brasil.

Para a OMS, a vacina britânica é a opção mais avançada no mundo em termos de testagem.

A reitora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Soraia Smaili, em entrevista à Globonews, afirmou que a vacina de Oxford pode ser distribuída no Brasil em junho de 2021, assim que o registro emergencial dela for aprovado.

A AstraZeneca e Oxford testarão sua vacina em mais de 50.000 pessoas no mundo todo. No Brasil, serão 5.000 voluntários testados em São Paulo, na Bahia e no Rio de Janeiro.

Em junho, o governo brasileiro anunciou uma parceria com Oxford para a produção de 100 milhões de doses quando a aprovação acontecer.

Antes a previsão da empresa anglo-sueca era que a vacina ficaria pronta já neste ano.

Como funciona a vacina de Oxford?

Chamada de ChAdOx1 (AZD1222), a proteção é baseada no adenovírus (grupo de vírus que causam problemas respiratórios, como resfriados) enfraquecido de um chimpanzé. A vacina do Instituto de Biotecnologia de Pequim em parceria com a empresa chinesa CanSino também é feita com base no adenovírus

A opção também contém a sequência genética das espículas do SARS-CoV-2. “Quando a vacina entra nas células dentro do corpo, ela usa o código genético para produzir as espículas de proteínas do vírus. Isso induz a uma resposta imune, o que prepara o sistema imunológico para atacar a doença se ela infectar o corpo”, explica a universidade britânica em um comunicado publicado em seu site oficial.

A corrida pela cura

Nunca antes foi feito um esforço tão grande para a produção de uma vacina em um prazo tão curto — algumas empresas prometem que até o final do ano ou no máximo no início de 2021 já serão capazes de entregá-la para os países. A vacina do Ebola , considerada uma das mais rápidas em termos de produção, demorou cinco anos para ficar pronta e foi aprovada para uso nos Estados Unidos, por exemplo, somente no ano passado.

Uma pesquisa aponta que as chances de prováveis candidatas para uma vacina dar certo é de 6 a cada 100 e a produção pode levar até 10,7 anos. Para a covid-19, as farmacêuticas e companhias em geral estão literalmente correndo atrás de uma solução rápida.

Nenhum medicamento ou vacina contra a covid-19 foi aprovado até o momento para uso regular, de modo que todos os tratamentos são considerados experimentais.

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