Tismoo desenvolve pesquisa com mini-cérebros para descobrir tratamento para autismo (Tismoo/Divulgação)
Letícia Naísa
Publicado em 7 de novembro de 2018 às 19h53.
São Paulo — Dificuldade de comunicação, comportamentos repetitivos e falta de atenção são alguns dos sintomas que podem indicar que uma criança tem autismo.
O transtorno, que afeta 1 a cada 59 crianças no Brasil, é diagnosticado de forma clínica. Suas causas são principalmente genéticas.
Pioneira no Brasil, a Tismoo é uma startup que oferece o serviço de análises genéticas e de medicina personalizada especializada em autismo.
Com um investimento inicial de 3 milhões de reais, a empresa foi fundada em 2016. Ano passado, recebeu uma rodada de investimento de 1,5 milhão. Em termos de faturamento, a empresa já atingiu 2 milhões de reais.
A Tismoo oferece três tipos de testes genéticos capazes de diagnosticar a síndrome. “Já realizamos mais de 150 testes de todos os tipos, a maior parte são os mais completos”, afirma Gian Franco Rocchiccioli, co-fundador da empresa.
O primeiro tipo de teste, chamado T-Gen, mapeia todos os genes do indivíduo e mostra o genoma completo do paciente, custa 22.050 reais.
O segundo, conhecido como T-Exom, faz o sequenciamento de cerca de 2% do genoma, das áreas que a ciência já tem conhecimento que pode apresentar alterações. O exame custa 8.350 reais.
Já o terceiro, chamado de T-Array, custa 4.157 reais. É um exame que entrega uma análise de nível cromossômico do indivíduo.
Segundo a bióloga Graciela Pignatari, co-fundadora da Tismoo, existem 1.019 genes relacionados ao autismo. “O autismo é uma multigênico e multifatorial, não é um gene único que causa e pode ser herdado ou não”, explica.
Por esta razão, as crianças do autismo também são muito singulares umas das outras. “Existe uma diversidade muito grande, elas não têm uma característica facial ou motora que a gente consiga reconhecer.”
Desta forma, a Tismoo tenta facilitar o processo do diagnóstico para médicos e pais. “Essa trajetória do diagnóstico costuma ser árdua e longa”, diz Graciela.
Outra frente em que a startup atua é na fase de tratamento. “Com o mapeamento genético, você consegue identificar qual é o tipo de medicamento melhor recomendado para aquela criança”, afirma Rocchiccioli.
Hoje não existe tratamento específico para o autismo, diz Graciela. “Vai depender da necessidade do autista”, afirma. Algumas terapias como familiar e ocupacional ajudam a promover o desenvolvimento da criança e alguns medicamentos controlam possíveis sintomas de saúde mental.
A Tismoo pretende usar o conhecimento adquirido com mapeamento genético para desenvolver medicamentos e novos tratamentos.
“Abrimos em Portugal uma operação para usar uma tecnologia para conseguir, a partir de células tronco dos pacientes, fazer mini-cérebros em laboratórios para fazer testes de fármacos, que serve para desenvolver medicamento e testar eficiência de algumas drogas em condições genéticas do autismo”, conta Rocchiccioli.
O objetivo é desenvolver uma medicina personalizada para cada paciente. “Cada criança tem uma condição de genes que é única e com a personalização, você consegue ter uma solução para cada indivíduo”, diz Rocchiccioli.