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SpaceX lançará satélite para rastrear aumento do nível do mar

Missão será rastrear como o aumento acelerado do nível do mar tem transformado as linhas costeiras, ameaçando mais de um terço da população mundial.

Falcon 9: tecnologia que busca evitar danos de bilhões de euros será lançado a bordo de foguete da SpaceX (Sopa Images/Getty Images)
TL

Thiago Lavado

Publicado em 16 de outubro de 2020 às 07h00.

Última atualização em 16 de outubro de 2020 às 13h10.

Uma nova carga útil que a SpaceX de Elon Musk colocará em órbita no próximo mês terá um papel fundamental para medir o aumento do nível do mar, o que poderia ajudar economias a evitar danos de bilhões de euros até o final deste século.

O satélite Sentinel-6 Michael Freilich decola em 10 de novembro a bordo de um foguete Falcon 9, que será lançado da Base da Força Aérea de Vandenberg, na Califórnia. Sua missão será rastrear como o aumento acelerado do nível do mar tem transformado as linhas costeiras, ameaçando o habitat de mais de um terço da população mundial. A Agência Espacial Europeia fornecerá detalhes sobre a missão na sexta-feira às 16h no horário de Paris.

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“A medição do nível do mar global e regional se tornou uma ferramenta valiosa para tomadores de decisão avaliarem um dos impactos mais convincentes da mudança climática e como se prepararem para as inundações nas áreas costeiras”, disse Paul Counet, responsável de estratégia da EUMETSAT. Seu consórcio meteorológico de 30 países está encarregado de operar o Sentinel-6 e processar os 300 gigabytes de dados que serão produzidos diariamente pelo satélite.

O Sentinel-6 atualizará mapas dos oceanos que cobrem 70% do planeta a cada 10 dias. O satélite vem com novos altímetros digitais poderosos --- instrumentos que refletem os pulsos eletromagnéticos da superfície do globo para detectar mudanças em elevação em escala milimétrica. Engenheiros da Agência Espacial Europeia e a Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço desenvolveram a missão.

A NASA contratou a Space X de Musk para lançar a carga útil em uma órbita a 1.336 quilômetros acima da Terra.

“A altimetria nos permite explorar o nível médio do mar atual e como isso muda no espaço e no tempo, algo nada trivial”, disse Michalis Vousdoukas, oceanógrafo que usa dados para estimar os custos econômicos das mudanças climáticas. “Todas essas informações são inseridas em nossos modelos e nos permitem analisar os níveis de água futuros, as áreas inundadas, bem como as perdas econômicas resultantes e as possíveis medidas de adaptação.”

Se as economias não reduzirem drasticamente o consumo de combustível fóssil, os litorais da Europa podem enfrentar até 239 bilhões de euros (US$ 280,6 bilhões) em danos anuais com o aumento do nível do mar até o final deste século, de acordo com estudo publicado em maio por Vousdoukas e sua equipe de pesquisadores. Eles estimam que os danos anuais podem se multiplicar por oito, para 12 bilhões de euros - mesmo sob os melhores cenários, onde os aumentos de temperatura são mantidos bem abaixo do limite de 2 graus Celsius exigido pelo Acordo de Paris.

Espera-se que os dados do Sentinel-6 apoiem formuladores de políticas na decisão de onde construir sistemas de defesa costeira e se propriedades costeiras devem ser desenvolvidas para uso de longo prazo. O satélite rastreará a complexa interação de fatores que levam ao aumento do nível do mar, disse Carlo Buontempo, diretor do Serviço Europeu de Mudanças Climáticas Copernicus.

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