Possível solução para lixo nuclear? Fungos que se alimentam dele
Microorganismo pode ajudar a evitar o vazamento de resíduos radioativos - que, só nos EUA, já são 76 mil toneladas
Victor Caputo
Publicado em 18 de fevereiro de 2018 às 15h49.
Se operadas corretamente, as usinas nucleares são fontes de energia abundante, segura e limpa. Mas elas têm um porém: depois de usado, o combustível nuclear precisa ser armazenado com o máximo de cuidado, já que permanece radioativo por centenas de anos. Só os EUA produzem de 2.000 a 2.300 toneladas de lixo radioativo por ano – e acumularam 76 mil toneladas dele nas últimas quatro décadas. Mas um grupo de cientistas americanos diz ter encontrado a solução: um fungo.
Os pesquisadores testaram 27 espécies de fungo e encontraram uma, a Rhodotorula taiwanensis, que tolera altos níveis de radiação e tem certa afinidade pelo lixo radioativo – se colocado em contato direto, o fungo cresce e forma um biofilme que envolve o material, impedindo que ele se espalhe. Segundo os cientistas, ele poderia ser usado em depósitos de resíduos nucleares, como barreira de segurança contra eventuais vazamentos.
Não é a primeira vez que um fungo demonstra gostar de radioatividade. Na década passada, uma inspeção na usina abandonada de Chernobyl encontrou 37 espécies mutantes de fungo, que se alimentavam da radiação presente no local.
Os fungos cresceram dentro das paredes do Reator 4 (que explodiu em 1986) e aparentemente sofreram uma mutação que os tornou capazes de extrair energia da radiação. “Nossas pesquisas sugerem que os fungos estão usando um pigmento, a melanina, da mesma forma que as plantas usam a clorofila”, afirmou na época a cientista russa Ekaterina Dadachova, que identificou os microorganismos.
Este texto foi publicado originalmente no siteSuperinteressante.