Por que ficamos tão raivosos quando estamos com fome?
Esse conhecimento pode conter pistas que ajudarão a melhorar tratamentos para a obesidade e a agressividade
Da Redação
Publicado em 10 de novembro de 2015 às 20h05.
São Paulo - Muitos de nós conhecem bem a sensação mista de raiva e fome que dá quando ficamos muito tempo sem comer.
Agora, os cientistas estão compreendendo melhor o porquê de nós sentirmos "raiva de fome" – e esse conhecimento pode conter pistas que ajudarão a melhorar tratamentos para a obesidade e a agressividade.
"Ficar agressivo quando se sente fome é um mecanismo de sobrevivência", disse a Amanda Salis, professora do Instituto Boden da Universidade de Sidney na Austrália, em um email.
Resulta que esse mecanismo pode ter sido passado a nós geneticamente dos nossos ancestrais.
"Se os nossos antecessores ficassem apenas de braços cruzados e educadamente deixassem os outros comerem a comida antes deles, é bem provável que eles tivessem ficado sem nada para comer e morrido como consequência – possivelmente até antes de poderem passar os genes para as futuras gerações", escreveu Salis, que atualmente estuda a fome.
"É provável que os indivíduos que ficavam agressivos quando sentiam fome tivessem uma vantagem de sobrevivência e, por este motivo, nós carregamos esses genes até os dias de hoje, quer exista a falta ou a abundância de alimentos."
Então, o que acontece com os nossos corpos quando estamos com raiva de fome?
A sensação tende a ocorrer quando nossos cérebros percebem uma falta de glicose, que vem da comida, como algo que ameaça a vida, disse Salis.
Isso faz com que o corpo entre em um certo tipo de pânico e aumente seus níveis de hormônios do estresse e uma química natural do cérebro chamada neuropeptídio Y, que contribui para a agressividade que nós com frequência vivenciamos quando ficamos com fome.
Brenda Bustillos,pesquisadora da Escola do Centro da Ciência da Saúde de Texas A&M da Saúde Pública, disse ao The Huffington Post que a adrenalina – que produz a resposta de "luta, fuga ou paralisação" em situações de estresse – é um dos hormônios lançado.
"Por isso, a fome induz a resposta ao estresse que inicia a agressividade, raiva e falta de controle ou fome", disse a pesquisadora.
"A fome torna-se um mecanismo de sobrevivência porque um aumento na nossa agressividade e raiva nos permite 'lutar' pela sobrevivência, ou seja, lutar para conseguir comida".
A nossa raiva de fome pode até ser o gatilho de um efeito cascata mais cruel já que o cérebro precisa de combustível na forma de glicose para regular nossas emoções – e a raiva é uma das que são mais difíceis de regular.
"Embora o cérebro ocupar apenas 2% da massa corporal, ele usa de 20% a 30% das calorias que consumimos", disse o Brad Bushman, professor de comunicação e psicologia da Universidade Estadual de Ohio.
"Para controlar a raiva, o cérebro precisa de combustível na forma de glicose. A fome é um sinal que o cérebro precisa de mais combustível. Quando o cérebro esgota todas as possibilidades de abastecimento, ele sente dificuldade em regular a raiva. É por isso que as pessoas tendem a ficarem irritadas quando estão com fome".
De fato, Bushman e seus colegas descobriram em um estudo no final do ano passado que ter níveis baixos de glicose no sangue pode fazer com que pessoas casadas fiquem com mais raiva ou mais agressivas em relação aos seus parceiros.
Bushman disse que a diabetes do tipo 2 está tornando-se cada vez mais predominante no mundo todo e investigar a conexão entre baixos níveis de glicose se e a agressividade continua sendo importante – especialmente para determinar se os níveis de pouca glicose representam um fator de risco para a violência.
Enquanto isso, Salis acredita que uma melhor compreensão sobre a raiva de fome é fundamental para melhorar o tratamento e o controle da obesidade, disse.
"Se nós entendermos a fome e a raiva de fome e o que as guiam, nós teremos uma chance muito maior de ajudar as pessoas a comerem menos para que elas possam alcançar e manter um peso corporal ideal e saudável", disse.
"Quando as pessoas perdem peso, elas tipicamente vivenciam maiores níveis de fome e esse é o fator número 1 que contribui para o patamar da perda de peso, e a recuperação do ganho de peso é a razão número um pela qual as pessoas desistem de intervenções através de dietas e exercícios."
No entanto, embora saibamos o motivo de nossas barrigas roncarem, frequentemente, e termos ao mesmo tempo atitudes raivosas, Salis disse que mais pesquisas são necessárias para resolver o mistério de como exatamente a sensação é causada no nosso cérebro - "quais são exatamente os mecanismos moleculares no cérebro que estão causando a fome e como podemos intervir para reduzir a fome e a raiva de fome no contexto do mundo atual".
São Paulo - Muitos de nós conhecem bem a sensação mista de raiva e fome que dá quando ficamos muito tempo sem comer.
Agora, os cientistas estão compreendendo melhor o porquê de nós sentirmos "raiva de fome" – e esse conhecimento pode conter pistas que ajudarão a melhorar tratamentos para a obesidade e a agressividade.
"Ficar agressivo quando se sente fome é um mecanismo de sobrevivência", disse a Amanda Salis, professora do Instituto Boden da Universidade de Sidney na Austrália, em um email.
Resulta que esse mecanismo pode ter sido passado a nós geneticamente dos nossos ancestrais.
"Se os nossos antecessores ficassem apenas de braços cruzados e educadamente deixassem os outros comerem a comida antes deles, é bem provável que eles tivessem ficado sem nada para comer e morrido como consequência – possivelmente até antes de poderem passar os genes para as futuras gerações", escreveu Salis, que atualmente estuda a fome.
"É provável que os indivíduos que ficavam agressivos quando sentiam fome tivessem uma vantagem de sobrevivência e, por este motivo, nós carregamos esses genes até os dias de hoje, quer exista a falta ou a abundância de alimentos."
Então, o que acontece com os nossos corpos quando estamos com raiva de fome?
A sensação tende a ocorrer quando nossos cérebros percebem uma falta de glicose, que vem da comida, como algo que ameaça a vida, disse Salis.
Isso faz com que o corpo entre em um certo tipo de pânico e aumente seus níveis de hormônios do estresse e uma química natural do cérebro chamada neuropeptídio Y, que contribui para a agressividade que nós com frequência vivenciamos quando ficamos com fome.
Brenda Bustillos,pesquisadora da Escola do Centro da Ciência da Saúde de Texas A&M da Saúde Pública, disse ao The Huffington Post que a adrenalina – que produz a resposta de "luta, fuga ou paralisação" em situações de estresse – é um dos hormônios lançado.
"Por isso, a fome induz a resposta ao estresse que inicia a agressividade, raiva e falta de controle ou fome", disse a pesquisadora.
"A fome torna-se um mecanismo de sobrevivência porque um aumento na nossa agressividade e raiva nos permite 'lutar' pela sobrevivência, ou seja, lutar para conseguir comida".
A nossa raiva de fome pode até ser o gatilho de um efeito cascata mais cruel já que o cérebro precisa de combustível na forma de glicose para regular nossas emoções – e a raiva é uma das que são mais difíceis de regular.
"Embora o cérebro ocupar apenas 2% da massa corporal, ele usa de 20% a 30% das calorias que consumimos", disse o Brad Bushman, professor de comunicação e psicologia da Universidade Estadual de Ohio.
"Para controlar a raiva, o cérebro precisa de combustível na forma de glicose. A fome é um sinal que o cérebro precisa de mais combustível. Quando o cérebro esgota todas as possibilidades de abastecimento, ele sente dificuldade em regular a raiva. É por isso que as pessoas tendem a ficarem irritadas quando estão com fome".
De fato, Bushman e seus colegas descobriram em um estudo no final do ano passado que ter níveis baixos de glicose no sangue pode fazer com que pessoas casadas fiquem com mais raiva ou mais agressivas em relação aos seus parceiros.
Bushman disse que a diabetes do tipo 2 está tornando-se cada vez mais predominante no mundo todo e investigar a conexão entre baixos níveis de glicose se e a agressividade continua sendo importante – especialmente para determinar se os níveis de pouca glicose representam um fator de risco para a violência.
Enquanto isso, Salis acredita que uma melhor compreensão sobre a raiva de fome é fundamental para melhorar o tratamento e o controle da obesidade, disse.
"Se nós entendermos a fome e a raiva de fome e o que as guiam, nós teremos uma chance muito maior de ajudar as pessoas a comerem menos para que elas possam alcançar e manter um peso corporal ideal e saudável", disse.
"Quando as pessoas perdem peso, elas tipicamente vivenciam maiores níveis de fome e esse é o fator número 1 que contribui para o patamar da perda de peso, e a recuperação do ganho de peso é a razão número um pela qual as pessoas desistem de intervenções através de dietas e exercícios."
No entanto, embora saibamos o motivo de nossas barrigas roncarem, frequentemente, e termos ao mesmo tempo atitudes raivosas, Salis disse que mais pesquisas são necessárias para resolver o mistério de como exatamente a sensação é causada no nosso cérebro - "quais são exatamente os mecanismos moleculares no cérebro que estão causando a fome e como podemos intervir para reduzir a fome e a raiva de fome no contexto do mundo atual".