Ciência

Pfizer pode produzir 1,3 bilhão de doses de vacina da covid-19 em 2021

Outras vacinas, como a de Oxford e a CoronaVac, também têm perspectiva de escala de produção alta

Pfizer: empresa prevê produção de 1,3 bilhão de doses em 2021 (Foto/Getty Images)

Pfizer: empresa prevê produção de 1,3 bilhão de doses em 2021 (Foto/Getty Images)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 9 de novembro de 2020 às 12h59.

Nesta segunda-feira, 9, a farmacêutica americana Pfizer afirmou que sua vacina contra o novo coronavírus desenvolvida em parceria com a alemã BioNTech se apresentou segura e eficaz em 90% dos 43.538 voluntários testados.

A imunização da companhia (umas das dez em última fase de testes segundo um relatório da Organização Mundial da Saúde) pode ter até 1,3 bilhão de doses produzidas no ano que vem --- e 100 milhões até o final deste ano. Uma esperança em meio a tempos difíceis.

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A vacina tem como base o RNA mensageiro, que tem como objetivo produzir as proteínas antivirais no corpo do indivíduo. Com a injeção, que requer duas doses por pessoa, o conteúdo é capaz de informar as células do corpo humano sobre como produzir as proteínas capazes de lutar contra a covid-19.

Outras vacinas, como a britânica de Oxford em parceria com a AstraZeneca, também estão na lista de doses na casa dos milhões. O acordo da imunização fechado com o governo brasileiro prevê a entrega de 15 milhões de doses da imunização por mês até julho de 2021, quando deve-se chegar ao total de 100 milhões de unidades encomendadas pelo Ministério da Saúde. Em junho, a AstraZeneca afirmou que terá 230 milhões de doses fabricadas já em 2020.

Também nesta segunda, o Instituto Butantan anunciou que começou as obras necessárias para a fabricação de cerca de 1 milhão de doses diárias da CoronaVac, vacina que está sendo desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac. A obra deverá ser concluída somente no final do ano que vem. Outras 6 milhões de doses virão prontas da China. 100 milhões de doses devem ser fabricadas anualmente pelo laboratório.

Outra farmacêutica americana, a Moderna, projeta uma produção de 500 milhões de doses por ano a partir da aprovação da vacina.

Como estamos?

Das 47 em fases de testes, apenas 10 estão na fase 3, a última antes de uma possível aprovação. São elas a chinesa da Sinovac Biotech, a também chinesa da Sinopharm, a britânica de Oxford em parceria com a AstraZeneca, a americana da Moderna, da Pfizer e BioNTech, a russa do Instituto Gamaleya, a chinesa CanSino, a americana Janssen Pharmaceutical Companies e a também americana Novavax.

Quem terá prioridade para tomar a vacina?

Nenhuma vacina contra a covid-19 foi aprovada ainda, mas os países estão correndo para entender melhor qual será a ordem de prioridade para a população uma vez que a proteção chegar ao mercado. Um grupo de especialistas nos Estados Unidos, por exemplo, divulgou em setembro uma lista de recomendações que podem dar uma luz a como deve acontecer a campanha de vacinação.

Segundo o relatório dos especialistas americanos (ainda em rascunho), na primeira fase deverão ser vacinados profissionais de alto risco na área da saúde, socorristas, depois pessoas de todas as idades com problemas prévios de saúde e condições que as coloquem em alto risco e idosos que morem em locais lotados.

Na segunda fase, a vacinação deve ocorrer em trabalhadores essenciais com alto risco de exposição à doença, professores e demais profissionais da área de educação, pessoas com doenças prévias de risco médio, adultos mais velhos não inclusos na primeira fase, pessoas em situação de rua que passam as noites em abrigos, indivíduos em prisões e profissionais que atuam nas áreas.

A terceira fase deve ter como foco jovens, crianças e trabalhadores essenciais que não foram incluídos nas duas primeiras. É somente na quarta e última fase que toda a população será vacinada.

Quão eficaz uma vacina precisa ser?

Segundo uma pesquisa publicada no jornal científico American Journal of Preventive Medicine uma vacina precisa ter 80% de eficácia para colocar um ponto final à pandemia. Para evitar que outras aconteçam, a prevenção precisa ser 70% eficaz.

Uma vacina com uma taxa de eficácia menor, de 60% a 80% pode, inclusive, reduzir a necessidade por outras medidas para evitar a transmissão do vírus, como o distanciamento social. Mas não é tão simples assim.

Isso porque a eficácia de uma vacina é diretamente proporcional à quantidade de pessoas que a tomam, ou seja, se 75% da população for vacinada, a proteção precisa ser 70% capaz de prevenir uma infecção para evitar futuras pandemias e 80% eficaz para acabar com o surto de uma doença.

As perspectivas mudam se apenas 60% das pessoas receberem a vacinação, e a eficácia precisa ser de 100% para conseguir acabar com uma pandemia que já estiver acontecendo — como a da covid-19.

Isso indica que a vida pode não voltar ao “normal” assim que, finalmente, uma vacina passar por todas as fases de testes clínicos e for aprovada e pode demorar até que 75% da população mundial esteja vacinada.

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