Pfizer fecha acordo para versões baratas de pílula contra covid
Farmacêutica quer licenciar pílula experimental a fabricantes de genéricos, que podem fornecê-la para 95 países de renda baixa e média
Laura Pancini
Publicado em 16 de novembro de 2021 às 09h40.
Última atualização em 16 de novembro de 2021 às 09h51.
A Pfizer fechou um acordo de licenciamento que permitirá a fabricantes de medicamentos genéricos produzir versões baratas de sua pílula contra a covid-19 para 95 países de renda baixa e média, uma medida semelhante à anunciada pela Merck & Co.
- O que dizem as últimas pesquisas científicas mais importantes? Descubra ao assinar a EXAME, por menos de R$ 0,37/dia.
Em comunicado na terça-feira, a Pfizer disse que assinou um acordo com o Pool de Patentes de Medicamentos, apoiado pelas Nações Unidas, para licenciar a pílula experimental a fabricantes de genéricos que podem fornecê-la a países que respondem por cerca de 53% da população mundial. O medicamento ainda aguarda a autorização de reguladores.
A Pfizer não receberá royalties das vendas em países de baixa renda, como também da comercialização para nações de renda média cobertas pelo pacto, desde que a covid-19 seja classificada como emergência de saúde pública, de acordo com o comunicado.
O acordo poderia ajudar a reforçar o acesso a uma nova e potente ferramenta de combate ao coronavírus. Ao contrário da exótica tecnologia de RNA mensageiro da vacina contra a covid-19 da Pfizer, as técnicas químicas usadas para fabricar pílulas são maduras e estabelecidas há muito tempo, e várias empresas de genéricos podem produzi-las a baixos custos. A Pfizer está sob considerável pressão para licenciar a tecnologia desde que anunciou resultados promissores de ensaios clínicos no início deste mês.
Comprimidos altamente eficazes que podem ser tomados ao primeiro sinal de infecção são considerados cruciais para manter a pandemia sob controle. O medicamento da Pfizer reduziu internações e mortesem 89% em um grande estudocom pacientes de alto risco, disse a empresa neste mês. A Pfizer entrou com pedido de autorização emergencial nos Estados Unidos e planeja obter autorizações em outros países em breve.
“São medicamentos que podem salvar vidas”, disse Charles Gore, diretor executivo do Pool de Patentes de Medicamentos. “Quanto mais cedo pudermos lançá-los, mais pessoas não precisarão ir ao hospital e não morrerão.”
Além de países de renda baixa e média-baixa, o pacto inclui alguns países de renda média-alta na África Subsaariana, bem como nações que fizeram a transição do status de renda média-baixa para média-alta nos últimos cinco anos, segundo a Pfizer e o Pool de Patentes de Medicamentos.
A Merck também tem uma pílula experimental contra a Covid promissora, a molnupiravir. A gigante farmacêutica dos EUA chegou a um acordo de licenciamento com o Pool de Patentes de Medicamentos no mês passado, que cobre mais de 100 países de renda baixa e média. A Merck e a parceira Ridgeback Biotherapeutics buscaram autorização emergencial para sua pílula nos Estados Unidos; assessores da agência FDA devem avaliar o pedido em audiência neste mês.
As discussões com a Pfizer avançaram rapidamente, disse Gore, e o acordo pode permitir que os suprimentos cheguem aos países em poucos meses.
“Assim como a molnupiravir, estamos tentando fazer isso o mais rápido e humanamente possível”, disse Gore. Os acordos da Merck e da Pfizer abrangem aproximadamente o mesmo número de pessoas, afirmou.
O Pool de Patentes também está em discussões para o licenciamento de uma vacina contra a Covid que foram aceleradas recentemente, de acordo com Gore. Ele não quis dar detalhes ou identificar a empresa, mas disse que não é uma fabricante de vacina com a tecnologia de RNAm.