Ciência

OMS reconhece evidências sobre transmissão da covid-19 pelo ar

Nesta segunda, mais de 230 cientistas assinaram uma carta aberta endereçada a OMS por ter minimizado os riscos de uma contaminação do coronavírus pelo ar

Tratamento coronavírus: os riscos da dexametasona, remédio que pode salvar contra covid-19 (Radoslav Zilinsky/Getty Images)

Tratamento coronavírus: os riscos da dexametasona, remédio que pode salvar contra covid-19 (Radoslav Zilinsky/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 7 de julho de 2020 às 14h36.

Última atualização em 7 de julho de 2020 às 14h53.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu nesta terça-feira "evidências emergentes" de transmissão pelo ar do novo coronavírus, depois que um grupo de cientistas cobrou o organismo global a atualizar suas orientações sobre como a doença respiratória se espalha.

"Temos conversado sobre a possibilidade de transmissão pelo ar e transmissão por aerossol como uma das modalidades de transmissão da Covid-19", disse Maria Van Kerkhove, principal autoridade técnica da OMS para a pandemia de Covid-19, em uma coletiva de imprensa.

A OMS havia dito anteriormente que o vírus que causa a doença respiratória Covid-19 se dissemina principalmente através de pequenas gotículas expelidas pelo nariz e pela boca de uma pessoa infectada que logo caem no chão.

Mas em uma carta aberta enviada à agência sediada em Genebra e publicada na segunda-feira no periódico científico Clinical Infectious Diseases, 239 especialistas de 32 países delinearam indícios que, dizem, mostram que partículas flutuantes do vírus podem infectar pessoas que as inalam.

Como estas partículas menores que são exaladas podem permanecer no ar, os cientistas exortaram a OMS a atualizar suas diretrizes.

Falando em uma coletiva de imprensa nesta terça-feira em Genebra, Benedetta Allegranzi, principal autoridade técnica de prevenção e controle de infecções da OMS, disse que há evidências emergentes de transmissão do coronavírus pelo ar, mas que estas não são definitivas.

"... A possibilidade de transmissão pelo ar em locais públicos --especialmente em condições muito específicas, locais cheios, fechados, mal ventilados que foram descritos-- não pode ser descartada", disse.

"Entretanto, os indícios precisam ser reunidos e interpretados, e continuamos a apoiar isso."

Qualquer alteração na avaliação de risco de transmissão pela OMS pode afetar seus conselhos atuais sobre manter o distanciamento físico de 1 metro. Governos, que também contam com a agência para definir suas políticas de orientação, também podem precisar ajustar as medidas de saúde pública destinadas a conter a propagação do vírus.

Mais de 230 cientistas no mundo todo assinaram uma carta aberta nesta segunda-feira (6) endereçada a Organização Mundial da Saúde (OMS) por ter minimizado os riscos de uma contaminação do novo coronavírus pelo ar. A OMS acredita que a covid-19 é espalhada principalmente por gotículas de saliva expelidas quando as pessoas tossem, falam ou espirram, por exemplo. Mas, de acordo com os cientistas, isso não é verdade — e o vírus pode sim ser espalhado via ar.

Segundo os 239 profissionais de 32 países diferentes, existem evidências que apontam que partículas menores do SARS-CoV-2 podem infectar as pessoas e pediram para que a organização revise as suas recomendações. A última versão, publicada pela OMS no dia 29 de junho, afirma que a transmissão por ar é somente possível “depois de procedimentos medicos que produzem aerosol” e a principal orientação é que as pessoas lavem as mãos e fiquem pelo menos a um metro de distância de outras pessoas.

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