Asteroides: saiba do que são feitos ( brdilhanik/Freepik)
Redação Exame
Publicado em 25 de dezembro de 2025 às 12h11.
Nem todo recurso está no subsolo — alguns vagam pelo espaço desde o início do sistema solar. Um estudo do Instituto de Ciências do Espaço da Espanha (ICE-CSIC) analisou meteoritos raros que caem na Terra e mostrou que asteroides carbonáceos podem guardar materiais úteis para exploração espacial e dados cruciais sobre a origem de corpos celestes.
A pesquisa foi publicada na Monthly Notices of the Royal Astronomical Society e se concentrou em condritos carbonáceos, meteoritos altamente frágeis e ricos em compostos orgânicos, que representam apenas 5% das quedas observadas. Muitos se desintegram antes de tocar o solo — quando são preservados, geralmente vêm do deserto do Saara ou da Antártida.
Esses meteoritos vêm de asteroides C-type, considerados os corpos mais primitivos do sistema solar. São compostos por material não diferenciado, rico em carbono, e guardam pistas químicas sobre a formação de planetas e a possível presença de água.
A equipe liderada por Josep M. Trigo-Rodríguez coletou e analisou amostras desses meteoritos ao longo de dez anos. A caracterização química foi feita com espectrometria de massa na Universidade de Castilla-La Mancha, revelando a composição precisa dos seis principais tipos de condritos carbonáceos.
O estudo mostra que extrair recursos em pequena escala é possível, mas coletar materiais em quantidade nos asteroides ainda exige avanços tecnológicos. Muitos desses corpos são cobertos por regolito — uma camada solta de fragmentos — que facilita a coleta de amostras, mas não resolve o problema da mineração em ambientes de microgravidade.
“Extrair e processar esses materiais no espaço, com segurança e controle dos resíduos, é um passo que exige mais inovação”, explica Trigo-Rodríguez.
Os asteroides carbonáceos ricos em minerais hidratados podem ser mais valiosos como fontes de água do que de metais. Segundo o estudo, o uso de recursos in situ será essencial para missões prolongadas na Lua e em Marte, reduzindo a dependência de envios a partir da Terra.
A equipe também identificou outra classe de asteroides — com assinaturas de olivina e espinélio — como alvos mais promissores para mineração.
O estudo reforça a importância de missões de retorno de amostras e do uso estratégico de asteroides próximos à Terra. Algumas ideias já discutidas incluem a captura de pequenos asteroides para inserção em órbita lunar — tanto para estudo como para extração de água e combustíveis.
“A longo prazo, também podemos imaginar o uso da mineração como forma de reduzir o tamanho de asteroides potencialmente perigosos para a Terra”, afirma Trigo-Rodríguez.
No momento, a mineração espacial continua no campo das possibilidades. Mas com dados como esses, o mapa de exploração do sistema solar começa a ganhar contornos mais precisos — e mais utilizáveis.