Nova forma de vida indica como poderão ser os ETs
Cientistas descobrem que a vida pode ser baseada em silício. Se você quer imaginar um alienígena real, esqueça o ET e pense na Horta, de Star Trek
Júlia Lewgoy
Publicado em 26 de novembro de 2016 às 16h23.
Última atualização em 26 de novembro de 2016 às 16h24.
Uma nova descoberta da CalTech, o Instituto de Tecnologia da Califórnia, pode mudar tudo o que sabemos sobre como a vida se forma – e do que são feitos os extraterrestres .
Quando buscamos evidências de vida extraterrestre, geralmente temos dois objetivos: 1) encontrar água e 2) encontrar matéria orgânica. Se você se lembra das aulas de química, sabe que moléculas orgânicas são aquelas que têm como base o carbono, que se liga aos demais elementos para formar tudo aquilo que chamamos de vida – pelo menos no planeta Terra .
O silício seria um ótimo candidato a parceiro do carbono para abrigar a vida: também é capaz de fazer 4 ligações atômicas e formar longas cadeias, além de ser o segundo elemento mais comum na nossa crosta terrestre. Ainda assim, na Terra, o silício fica de um lado e a vida do outro: não existe um único ser vivo por aqui que consiga incorporar o silício naturalmente, formando ligações carbono-silício.
Até agora, é claro. Os pesquisadores da CalTech conseguiram, pela primeira vez, fazer com que células vivas criassem a conexão entre o carbono e o silício, usando apenas os princípios de Darwin: evolução acelerada em laboratório.
Os cientistas selecionaram uma espécie de bactérias que vive em fontes termais da Islândia. O citocromo c, uma proteína que fica dentro das mitocôndrias, foi a escolhida para tentar alcançar o feito de unir naturalmente o silício e o carbono.
Eles criaram diversas mutações para o DNA que codifica essa proteína. Aí, escolheram as que pareciam mais adequadas e foram refazendo essa seleção artificial até chegar na proteína desejada: “É como cruzar cavalos de corrida”, explicou Frances Arnold, chefe do laboratório responsável pela pesquisa. “Você precisa reconhecer a habilidade inerente do cavalo e extraí-la a cada geração. Estamos fazendo isso com proteínas”.
Demorou apenas três “rodadas” de cruzamentos entre as mutações mais favoráveis para que as enzimas estivessem criando as ligações silício-carbono – e com 15 vezes mais eficiência do que qualquer reação química feita antes em laboratório.
Para a indústria, isso pode significar uma diminuição enorme de custos. Hoje em dia, criar a ligação de forma sintética envolve metais preciosos, solventes tóxicos e muito processamento. Já versão “natural” feita por enzimas realiza a reação em água e em temperatura ambiente.
Mas e os aliens?
O estudo mostra que a natureza é capaz de se adaptar para incorporar silício em moléculas baseadas em carbono. E faz isso muito rápido: em células simples mutadas em laboratório, levou só 3 gerações para acontecer – praticamente a velocidade da luz em termos evolutivos.
Só esse fato já aumenta muito as chances de que, em outro planeta e em outras condições, tenha surgido matéria orgânica com base em silício. Isso pode mudar completamente nossa concepção de seres alienígenas: ao invés dos extraterrestres que vemos no filme Alien, pode ser que o Universo contenha parentes da Horta, uma espécie inteligentíssima com base em silicone que apareceu na série original de Star Trek.
Imaginar como seria o metabolismo de um alien de silício, no entanto, é um exercício interessante. Quando liberamos energia através da respiração, temos um composto de carbono oxidado – o CO2, ou gás carbônico. Facinho de eliminar, certo? Com o silício não é tão simples: o subproduto da respiração, nesse caso, seria o dióxido de silício. É a sílica, o principal componente… da areia de praia. Imagine ter que excretar um pequeno Saara todos os dias, a cada fungada. Seria uma boa explicação para o mal humor dos ETs em Independence Day.