Gelo marinho na Antártida atinge mínimos históricos
Cientistas do NSIDC destacaram que este último dado é preliminar, pois ainda pode ocorrer um novo degelo no fim da estação
Agência de notícias
Publicado em 28 de fevereiro de 2023 às 06h33.
O gelo marinho da Antártida diminuiu na semana passada à sua menor extensão em 45 anos de registros por satélites, afirmaram cientistas americanos nesta segunda-feira (27).
O Centro Nacional de Dados de Gelo e Neve (NSIDC, sigla em inglês), da Universidade de Colorado em Boulder, informou que o gelo marinho antártico diminuiu para 1,79 milhão de km² em 21 de fevereiro. Esta área superou em 136.000 km² o mínimo histórico anterior, registrado em 2022.
Cientistas do NSIDC destacaram que este último dado é preliminar, pois ainda pode ocorrer um novo degelo no fim da estação, e disseram que irão publicar um número definitivo sobre a extensão do gelo na Antártida no começo de março.
O degelo marinho expõe as plataformas de gelo mais espessas, que sustentam a cobertura gelada do solo antártico, a ondas e temperaturas mais altas, embora não tenha impacto perceptível no nível do mar, porque o gelo já está no oceano.
No entanto, a plataforma de gelo, uma geleira espessa de água doce que recobre a Antártida, é objeto de atenção especial de parte dos cientistas, pois contém água suficiente para provocar, se derreter, um aumento catastrófico do nível dos oceanos.
"A resposta da Antártida às mudanças climáticas tem sido diferente da do Ártico", afirmou Ted Scambos, pesquisador do Instituto Cooperativo para o Estudo em Ciências Ambientais (Cires). "A tendência à diminuição do gelo marinho pode ser um sinal de que o aquecimento global está, finalmente, afetando o gelo flutuante no entorno da Antártida, mas será preciso esperar vários anos para termos certeza disso", acrescentou.
O ciclo antártico sofre grandes variações anuais durante seus verões de degelo e invernos de congelamento, e o continente não experimentou o rápido degelo das quatro últimas décadas registrado nas plataformas de gelo da Groenlândia e do Ártico devido ao aquecimento global. Mas a alta taxa de degelo desde 2016 gera temores de que esteja se consolidando uma tendência de declínio importante.
O degelo marinho é problemático, porque ajuda a acelerar o aquecimento global. Quando o gelo marinho branco - que reflete de volta para o espaço até 90% da energia solar - é substituído por um mar escuro e descongelado, a água absorve, ao contrário, um percentual similar de calor do sol.
Globalmente, o ano passado foi um dos mais quentes da História, apesar do resfriamento provocado por um padrão meteorológico natural do fenômeno climático La Niña.