Ciência

Futuro seguro para todos depende de mais ações net zero

Novo relatório do Climate Crisis Advisory Group reforça a importância de ampliar iniciativas para reduzir emissões

Pessoas em Londres entram em #GreveGlobalPeloClima (Hannah McKay/Reuters)

Pessoas em Londres entram em #GreveGlobalPeloClima (Hannah McKay/Reuters)

O mais novo relatório do Climate Crisis Advisory Group (CCAG), um grupo independente de 15 especialistas de 11 nações, incluindo autoridades em ciência do clima, emissões de carbono, energia, meio ambiente e recursos naturais, adverte que chegar a zero emissões líquidas (net zero) de gases de efeito estufa até 2050 será “um pouco tarde demais”.

Essa meta, segundo o documento, não atingirá os objetivos de temperatura de longo prazo identificadas no Acordo de Paris para limitar o aquecimento global para 1,5° C até o final do século.

Com base nas descobertas publicadas recentemente pelo Sexto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o CCAG afirma que as metas de emissões globais atuais são inadequadas e que estratégias líquidas negativas – em vez de zero líquidas (net zero) – são necessárias.

David King, presidente do CCAG, comentou em nota que “alcançar o net zero até 2050 não é mais suficiente para garantir um futuro seguro para a humanidade”. Segundo ele, é preciso revisar as metas globais além do net zero e se comprometer com estratégias negativas líquidas urgentemente.

Momentos decisivos

Mercedes Bustamante, professora da UnB (Universidade de Brasília) e integrante do CCAG, disse à EXAME que os próximos nove anos até 2030 são criticamente decisivos e colocarão em marcha mudanças que impactarão a humanidade durante os próximos séculos, se não milênios. “É agora que vamos determinar se podemos manter o aquecimento na meta de ‘bem abaixo de 2°C’ e se possível ‘limitar a 1,5°C’.”

Ela ressalta que o documento do CCAG alerta que a próxima rodada de compromissos nacionais de redução de emissões terá que ampliar os esforços para garantir um futuro seguro para todos.

“É ainda mais claro que enquanto a redução de emissões é uma parte essencial da luta contra a mudança climática, ela não será suficiente para evitar a elevação do nível do mar, o descongelamento permafrost, a amplificação de eventos climáticos extremos, e outras mudanças relacionadas ao clima”, diz. “Seguindo um caminho que leva a emissões líquidas zero apenas em 2050 é muito pouco e tarde demais.”

Segundo Mercedes, a redução rápida e imediata das emissões de gases de efeito estufa deve ser acompanhada de ações igualmente rápidas de criação de sumidouros de carbono ao redor o mundo, de modo a alcançar emissão líquida zero de gases de efeito estufa o mais rápido possível.

“O setor público e o setor privado devem atuar de forma coordenada, rápida e eficaz. As políticas públicas de clima são muito importantes assim como o compromisso de setor privado em prover e implementar soluções. Tais soluções devem ser transparentes e monitoradas por governos e sociedade para que sua

eficácia possa ser comprovada.”

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