Ciência

Formigas podem ‘farejar’ câncer e ajudar no diagnóstico, diz estudo

Apenas trinta minutos de 'treinamento' fizeram com que os insetos conseguissem diferenciar células cancerígenas de amostras saudáveis

 (twomeows/Getty Images)

(twomeows/Getty Images)

AO

Agência O Globo

Publicado em 11 de março de 2022 às 21h04.

Uma das principais causas de morte no mundo, o diagnóstico de câncer precoce pode alterar significativamente a expectativa de vida do paciente. Para tornar esse processo mais rápido e fácil, pesquisadores da Universidade de Sorbonne, na França, decidiram testar se o olfato sensitivo das formigas poderia ser uma ferramenta para diferenciar células cancerígenas de amostras saudáveis. Os resultados, publicados na revista científica iScience, são animadores e mostram que o uso dos insetos para o diagnóstico é possível com apenas trinta minutos de treinamento. A descoberta abre portas para o desenvolvimentos de técnicas menos invasivas e menos custosas para a identificação da doença.

Os pesquisadores partiram de estudos que já demonstravam essa capacidade em cachorros. Um deles, realizado nos Estados Unidos, descobriu que cães conseguem “farejar” o câncer em amostras de sangue e saliva com 95% de precisão. No entanto, uma desvantagem no uso dos caninos é que eles demandam mais tempo para serem treinados — de meses a um ano — e os protocolos de ensinamento são mais intensos.

O que dizem as últimas pesquisas científicas mais importantes? Descubra assinando a EXAME.

Por isso, os responsáveis do novo estudo decidiram testar se a mesma capacidade olfativa que é observada nas formigas poderia funcionar para o diagnóstico do câncer de forma mais fácil — e os resultados foram considerados um sucesso. No experimento, eles treinaram indivíduos da espécie
Formica fusca
colocando duas amostras celulares disponíveis para os animais: uma com células do câncer de mama e outra com unidades saudáveis.

Junto às amostras cancerígenas, foram colocadas porções de açúcar, de modo a atrair os insetos. Depois de três rodadas que duraram cerca de trinta minutos, os pesquisadores repetiram o experimento sem a adição do açúcar e observaram que as formigas continuaram a se dirigir para as células cancerígenas, indicando que elas foram capazes de identificá-las.

Em seguida, os responsáveis pelo estudo repetiram o treinamento, mas dessa vez com duas amostras de células de câncer de mama, mas de tipos diferentes. Assim como ocorreu anteriormente, as formigas conseguiram ser treinadas para identificar o tipo específico da amostra utilizada no experimento anterior, mesmo entre os dois exemplos parecidos.

Essa capacidade de identificação acontece devido aos compostos orgânicos voláteis, unidades de carbono presentes nas células cancerígenas que funcionam como biomarcadores para animais com o olfato sensitivo, como cachorros e formigas.

De acordo com os pesquisadores, as descobertas do estudo concluem que de fato é possível utilizar formigas como ferramentas para detectar os biomarcadores de células cancerígenas humanas de forma rápida e menos trabalhosa que com outros animais, como os cães.

Acompanhe tudo sobre:AnimaisCâncerPesquisas científicas

Mais de Ciência

Cientistas constatam 'tempo negativo' em experimentos quânticos

Missões para a Lua, Marte e Mercúrio: veja destaques na exploração espacial em 2024

Cientistas revelam o mapa mais detalhado já feito do fundo do mar; veja a imagem

Superexplosões solares podem ocorrer a cada século – e a próxima pode ser devastadora