Descoberta: a equipe de pesquisadores descobriu que a CRISPR-Cas9 ativa um mecanismo que protege células contra danos no DNA, tornando a edição genética mais difícil (Mike Segar/Reuters)
Reuters
Publicado em 11 de junho de 2018 às 14h40.
Última atualização em 11 de junho de 2018 às 14h58.
Londres - Uma tecnologia de edição de genes que está sendo explorada por cientistas no mundo todo como uma maneira de remover e substituir defeitos genéticos pode acidentalmente aumentar o risco de câncer em células, advertiram cientistas nesta segunda-feira.
Pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, e do Instituto Karolinska, na Suécia, disseram que mais estudos precisam ser feitos para avaliar se o uso da CRISPR-Cas9 - um tipo de "tesoura" molecular que torna a edição genética possível- pode levar ao desenvolvimento de tratamentos que têm risco adicional de câncer.
A equipe de pesquisadores, liderado por Jussi Taipale em Cambridge, descobriu que a CRISPR-Cas9 ativa um mecanismo que protege células contra danos no DNA, tornando a edição genética mais difícil.
Células que não contêm esse mecanismo são mais fáceis de serem editadas do que células normais, e isso pode levar a uma situação em que populações celulares com genoma editado tenham um número maior de células sem o importante mecanismo de proteção contra danos no DNA.
Em estudo publicado na revista científica Nature Medicine, os pesquisadores alertaram que a falta desse mecanismo de proteção aumenta o risco de as células se tornem tumorosas, uma vez que o dano no DNA não pode mais ser corrigido.
"Embora nós ainda não entendamos os mecanismos... nós acreditamos que os pesquisadores precisam estar cientes dos potenciais riscos quando desenvolvendo novos tratamentos", disse Taipale em comunicado quando o estudo foi publicado.
"É por isso que nós decidimos publicar nossas descobertas assim que descobrimos que células editadas com a CRISPR-Cas9 podem se tornar cancerígenas."