Ciência

Fêmeas de espécie de macaco estimulam os machos à violência

Os símios estudados, a espécie Chlorocebus aethiops pygerythrus, vivem na África

Fêmea de macaco na África do Sul (Juan Mabromata/AFP)

Fêmea de macaco na África do Sul (Juan Mabromata/AFP)

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AFP

Publicado em 23 de novembro de 2016 às 09h24.

As fêmeas de uma espécie de macaco estimulam os machos a lutar contra grupos rivais, recompensam os corajosos e agridem os prudentes, afirma um estudo científico divulgado nesta quarta-feira.

"É a primeira vez que se demonstra que outra espécie, além dos seres humanos, é capaz de utilizar táticas de manipulação, como a punição ou a recompensa, para incitar a participação em batalhas entre diferentes grupos", afirmou à AFP Jean Arseneau, especialista em primatas da Universidade de Zurique.

Os símios estudados, a espécie Chlorocebus aethiops pygerythrus, vivem na África.

Uma equipe de cientistas examinou durante dois anos um grupo que vive em uma reserva na África do Sul. Os resultados das observações foram publicados na revista Proceedings of the Royal Society B.

Estes animais vivem em grupo e as fêmeas participam nas batalhas quando os alimentos da comunidade estão em jogo.

Os machos são mais numerosos e têm caninos maiores, o que faz de sua presença algo valioso nas batalhas.

O sucesso em um combate garante o controle sobre o território e fontes de alimentos, algo muito importante para as fêmeas, que são responsáveis pelos mais novos.

Mas por que os machos arriscariam o envolvimento em uma batalha de potencial risco elevado apenas por um pouco de atenção feminina? Tudo diz respeito a sexo, acreditam os cientistas.

"Ser punido pode degradar as relações sociais com as fêmeas do grupo, destacaram os cientistas no estudo.

"Do outro lado, ser recompensado pode reforçar os laços e mostrar às fêmeas do grupo que o macho objeto das atenções é socialmente aceitável", completam.

As fêmeas gritavam e se aproximavam de modo ameaçador dos machos que haviam permanecido à margem da luta. Às vezes inclusive os perseguiam e agrediam fisicamente.

Antes de atacar um macho, que contam com a vantagem de ter um peso maior, as fêmeas formavam uma "coalizão" de dois ou mais indivíduos para evitar riscos, explicou Jean Arseneau.

E a estratégia era eficaz, já que os premiados "continuavam ajudando nas batalhas seguintes" e os castigados se uniam aos combates.

"As fêmeas usavam as táticas de manipulação quando havia comida de interesse em jogo, já que precisam de alimentos para criar a prole", disse o cientista.

Para os machos entrava em jogo uma estratégia reprodutiva.

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