Estudo de químicos de Harvard ajuda a explicar a origem da vida
Pesquisadores sugerem que uma molécula diferente da que compõe o material celular foi usada no passado
Ariane Alves
Publicado em 6 de dezembro de 2018 às 05h55.
Última atualização em 6 de dezembro de 2018 às 05h55.
São Paulo - Ainda falta muito para a ciência entender, de fato, como se originou a vida no planeta Terra . Em se tratando de algo tão importante, cada passo dado em direção a uma descoberta concreta é relevante. No último mês de outubro, químicos da Universidade de Harvard publicaram um artigo em que dizem estar mais próximos de saber de onde viemos.
No campo científico, várias teorias já foram elaboradas para explicar como a vida surgiu. A mais popular é conhecida como hipótese do Mundo de RNA, que afirma que, em um certo momento, os elementos químicos se combinaram para formar filamentos de RNA, que se replicaram e foram se tornando mais complexos até formarem a primeira membrana celular.
A ambição dos químicos que estudam a área é conseguir replicar as quatro bases nitrogenadas que compõem o RNA - adenina, guanina, citosina e uracila - em condições semelhante às do planeta há quatro bilhões de anos. Segundo os pesquisadores de Harvard, um progresso considerável já foi feito com a síntese de citosina e uracila, como informa o site de divulgação científica IFLScience .
Porém, adenina e guanina apresentam uma complexidade maior para serem produzidas, o que cria uma lacuna na teoria adotada até agora. Para explicar o surgimento do RNA, os cientistas partiram para a hipótese de que as formas originais de RNA não eram compostas pelas quatro bases, tendo começado com algo mais simples.
Estudo sugere participação de uma molécula mais simples
As moléculas usadas no estudo pertencem a uma classe chamada 8-oxo-purinas, semelhantes às encontradas no RNA, mas mais fáceis de serem produzidas. Assim, uma molécula chamada inosina serviu como substituta da guanosina (um composto de guanina), comportando-se bem quanto à capacidade de replicar o RNA com a precisão necessária.
Os pesquisadores informam no estudo que ainda não conseguiram produzir a inosina de maneira não-biológica, o que poderia nos tornar ainda mais próximos de uma versão definitiva para a origem da vida. Mesmo assim, os resultados são animadores para a comunidade científica. O próximo passo é investigar a formação da adenina, tida como um meio possível de origem da inosina.