Ciência

Estado dos EUA legaliza método para transformar corpos humanos em adubo

Segundo a responsável pela ideia, quantidade de CO2 que não seria lançada na atmosfera equivale a energia necessária para abastecer 54 mil casas em um ano

Meio ambiente: nova alternativa ao enterro tradicional ou à cremação representa uma opção mais ecológica, transformando os corpos em adubo (Florian Gaertner / Photothek/Getty Images)

Meio ambiente: nova alternativa ao enterro tradicional ou à cremação representa uma opção mais ecológica, transformando os corpos em adubo (Florian Gaertner / Photothek/Getty Images)

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EFE

Publicado em 22 de maio de 2019 às 07h17.

Portland - O governador de Washington, Jay Inslee, sancionou nesta terça-feira (21), uma lei que transforma o estado no primeiro dos Estados Unidos que autoriza o uso de corpos humanos em adubo para a fertilização dos solos.

Fundadora e diretora-geral da empresa Recompose, Katrina Spade, responsável por levar a ideia ao governador, disse que se todos os moradores do estado optassem pelo processo de recomposição após a morte seria possível evitar o lançamento de 500 mil toneladas de dióxido de carbono na atmosfera em dez anos.

Segundo ela, essa quantidade de CO2 equivale a energia necessária para abastecer 54 mil casas em um ano.

A nova alternativa ao enterro tradicional ou à cremação representa uma opção mais ecológica para o meio ambiente, transformando os corpos em adubo. Sem ser embalsamado, o cadáver é colocado em uma câmara de compostagem junto com outros materiais orgânicos, produzindo cerca de 0,75 metros cúbicos de produto.

Spade, que poderia ser a responsável pelo primeiro projeto de funerária urbana de redução orgânica do país, focou sua tese como estudante do processo. Para isso, acompanhou agricultores, que há décadas utilizam essa técnica para livrar dos corpos do gado.

Dessa forma, a empreendedora descobriu que o uso de lascas de madeira, alfafa e palha criam uma mistura de hidrogênio e carbono que acelera a decomposição natural de um corpo humano.

Em 2017, Spade liderou um projeto-piloto no qual seis corpos foram transformados em adubo na Universidade Estatal de Washington. O estudo mostrou que o processo durava entre quatro e sete semanas.

Os defensores da lei afirmam que a inovação representará um avanço para o meio ambiente, já que os corpos não ocupariam espaço nos cemitérios, não repassariam substâncias químicas para o solo como ocorre no enterro tradicional. Além disso, o processo reduziria a emissão de dióxido de carbono no ar durante a cremação.

O autor da lei, o senador democrata Jamie Pedersen, disse que eliminar os corpos humanos com um baixo impacto ambiental é uma política pública que "faz sentido", especialmente em áreas mais povoadas.

"Essa lei mudará o mundo, já que a cremação é o método mais popular no nosso estado. Esse processo reduzirá em 1,4 toneladas o carbono lançado por pessoa", disse o senador.

Chamado de "redução orgânica natural", o processo cerca de US$ 5,5 mil, menos que os US$ 7 mil normalmente cobrados por um enterro tradicional nos EUA, segundo dados da Associação Nacional de Funerárias.

A lei entrará em vigor em maio de 2020, quando os moradores do estado de Washington poderão escolher se serão enterrados, cremados ou optarão pela decomposição natural de seus corpos.

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