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Ensino público tem 504 alunos de ouro em matemática. E o resto?

Desempenho dos estudantes brasileiros nos rankings internacionais mostra que ainda falta muito para o país festejar os resultados na Educação

Alunos de escolas públicas de todo o Brasil participam da 6ª Olimpíada de Matemática (Divulgação/Ministério da Ciência e Tecnologia)

Alunos de escolas públicas de todo o Brasil participam da 6ª Olimpíada de Matemática (Divulgação/Ministério da Ciência e Tecnologia)

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Da Redação

Publicado em 17 de julho de 2012 às 19h05.

São Paulo – É natural – e até mesmo esperado – que o governante de plantão utilize uma cerimônia de premiação dos melhores alunos em matemática para enaltecer os avanços na educação pública.

Dilma não fugiu à regra. Nesta terça-feira (21), no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, apertou a mão de 504 ‘alunos de ouro’ de escolas públicas durante duas horas, tirou foto e teceu elogios aos estudantes. “Garra, esforço e mérito” foram palavras repetidas pela presidente, que disse estar orgulhosa dos jovens.

“O Brasil precisa trilhar o grande caminho que é fazer Ciência e Tecnologia. Muitos alunos me contaram que vão cursar engenharia e matemática. Vocês são o futuro do Brasil”, afirmou a presidente, que anunciou a criação de 75 mil bolsas de estudo no exterior para graduação, pós-graduação e doutorado nas "melhores universidades dos Estados Unidos, da França, da Alemanha e até da China".

Em discurso a uma plateia atenta e silenciosa, Dilma não deixou de ressaltar a importância dos professores e diretores de escola na vida de cada aluno. "Por trás de cada aluno, tem um professor dedicado." A presidente afimou ainda que "o domínio da língua portuguesa e da matemática é pré-condição básica para os outros conhecimentos".

É importante salientar, no entanto, que os 504 alunos medalhistas de ouro representam uma minoria no Brasil. São estudantes que se destacam por dedicação própria e de seus professores e diretores, muitas vezes superando as precárias condições de suas escolas.


Essa “elite do ensino público” está longe de refletir a média dos estudantes, pois o Brasil continua a passar vergonha a cada ranking internacional divulgado sobre o assunto.

Para citar apenas o último da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que a cada três anos publica um panorama mundial da Educação no mundo, o Brasil ficou em 53º lugar de um total de 65 países avaliados.

Trata-se do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês). Os estudantes brasileiros, incluindo os de escolas privadas, ficaram abaixo da média nos três itens analisados: leitura, matemática e ciência.

A distância do Brasil para as principais economias mundiais na Educação mostra que ainda não encontramos o caminho do sucesso. Se há quase 17 anos o Plano Real derrotou a ciranda inflacionária, servindo de base para todos os avanços econômicos e sociais registrados nesse período, falta agora um Plano Real da Educação, cujos resultados possam ser colhidos daqui uma ou duas décadas.

Especialistas lembram que não existe uma solução milagrosa de curto prazo, que é o sonho de todos os políticos que adoram faturar as conquistas durante seus mandatos. É necessária, cada vez mais, uma ação conjunta dos governos federal, estaduais e municipais.

Se a presidente Dilma teve a oportunidade de premiar 504 mentes jovens e brilhantes nesta terça-feira, é porque algum investimento no ensino público – ainda que tímido – foi implementado no passado. Espera-se que o atual governo faça muito mais para que futuros presidentes possam celebrar o sucesso da ampla maioria dos estudantes.

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