Ciência

Dinossauro que pode ter sido maior predador da Europa é descoberto na ilha de Wight

Foram encontrados fósseis do dinossauro carnívoro de 125 milhões de anos, 10 metros de comprimento e com cabeça de crocodilo

Dinossauro: arte do espinossauro gigante encontrado na ilha de Wight, em imagem fornecida pela Universidade de Southampton (AFP/AFP Photo)

Dinossauro: arte do espinossauro gigante encontrado na ilha de Wight, em imagem fornecida pela Universidade de Southampton (AFP/AFP Photo)

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AFP

Publicado em 9 de junho de 2022 às 14h28.

Última atualização em 9 de junho de 2022 às 15h30.

Fósseis de um dinossauro carnívoro de 125 milhões de anos, 10 metros de comprimento e com cabeça de crocodilo, provavelmente o maior predador que já viveu na Europa, foram descobertos na ilha britânica de Wight — revela um estudo publicado nesta quinta-feira, 9.

A paleontologia deve esta preciosa descoberta a um colecionador local, o britânico Nick Chase, que passou a vida a percorrer as praias desta ilha do sul da Inglaterra, um dos locais mais ricos da Europa em fósseis de dinossauros.

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Dos poucos ossos que desenterrou (principalmente vértebras cervicais, caudais e sacrais), os pesquisadores da Universidade de Southampton conseguiram identificar o animal, um espinossauro bípede. Este predador viveu no Cretáceo inferior, entre 145 milhões e 100 milhões de anos atrás.

"Era um animal gigantesco, com mais de 10 metros de comprimento. Em vista de algumas de suas dimensões, provavelmente representa o maior predador já descoberto na Europa", afirma Chris Barker, pesquisador de paleontologia que liderou o estudo publicado na revista Peer J.

Embora poucos ossos do indivíduo tenham sido desenterrados até agora, "os números não mentem: é maior do que o maior espécime já encontrado na Europa", disse à AFP.

Este poderoso carnívoro parece ser "ainda maior" do que outro dinossauro predador descoberto em Portugal em 2017, confirmou Thomas Richard Holtz, paleontólogo da Universidade de Maryland, nos EUA, que não esteve envolvido no estudo.

"Como as garças"

Comparar tamanhos continua sendo difícil, porém, neste mundo extinto, lembra Matt Lamanna, especialista em dinossauros do Carnegie Museum of Natural History, situado no estado americano da Pensilvânia.

E o maior dos espinossauros "provavelmente não era tão massivo" quanto o famoso Tyrannosaurus rex, ou o Giganotosaurus.

O "espinossauro de White Rock" (nomeado em homenagem ao local onde seus ossos foram encontrados) é o nome que os cientistas esperam dar a uma nova espécie, que vagou pela área cerca de 125 milhões de anos atrás.

Acredita-se que seja o espécime mais jovem da família dos espinossauros encontrados na Grã Bretanha, incluindo o Baryonyx, um dos protagonistas da série de filmes Jurassic Park.

Esta família é reconhecível por sua cabeça alongada, como a de um crocodilo, em oposição ao crânio quadrado do T-rex. Algumas teorias relacionam esta morfologia à sua forma de caça, tanto em terra como na água.

"Eles eram um pouco como cegonhas e garças, chapinhando e pegando peixes na superfície", diz Chris Barker.

Os fósseis foram descobertos na costa sudoeste da ilha, em uma formação geológica do tipo lagunar que revelou um estrato histórico até então desconhecido.

"Isso nos ajuda a representar as condições de vida desses animais naquela época", acrescenta o pesquisador.

Nesta ilha, a equipe de pesquisadores já descobriu duas novas espécies de espinossauro, incluindo o Ceratosuchops inferodia, apelidado de “garça do inferno”.

A descoberta do predador "fortalece nosso argumento de que essa família de dinossauro se originou na Europa Ocidental e se diversificou lá, antes de se espalhar para outros lugares" do planeta, acrescentou o coautor do estudo, Darren Naish.

“A maioria desses fósseis extraordinários foi encontrada por Nick Chase, um dos caçadores de dinossauros mais habilidosos, que morreu pouco antes da epidemia da covid-19”, disse Jeremy Lockwood, da Universidade de Porthmouth, também coautor do estudo.

O colecionador sempre doava seus achados para museus, segundo os paleontólogos.

(AFP)

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