Ciência

Qual a diferença entre autoteste, teste rápido e PCR?

Entenda a diferença entre cada tipo e quais devem ser as recomendações após a autorização da Anvisa para a testagem em casa

 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

(Marcelo Camargo/Agência Brasil)

LP

Laura Pancini

Publicado em 12 de janeiro de 2022 às 06h00.

Última atualização em 13 de janeiro de 2022 às 12h05.

“Temos uma mensagem simples para todos os países: teste, teste, teste”, foi esta frase que marcou um dos primeiros discursos do diretor-geral da OMS, o biólogo Tedros Adhanom Ghebreyesus, ainda no início da pandemia em março de 2020. “Não é possível combater um incêndio de olhos vendados”, disse.

Quase dois anos depois, entre erros e acertos, uma grande leva de países europeus, asiáticos e os Estados Unidos seguiram as orientações da Organização Mundial de Saúde e passaram a oferecer sua versão rápida – que identifica a quantidade de antígeno no corpo e é menos precisa do que o RT-PCR – gratuitamente ou em farmácias.

Uma opção para fazer o teste de antígeno em casa – o autoteste – também foi disponibilizada desde cedo no exterior. No Brasil, Ministério da Saúde deve enviar, ainda esta semana, à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), um pedido de autorização para seu uso.

O órgão afirma em nota que a possibilidade está prevista em regulamento, desde que autotestes sejam acompanhados de "políticas públicas e ações estratégicas formalmente instituídas", a cargo do Ministério da Saúde (leia na íntegra).

“[A falta de testagem] permite com que mais e mais contaminações aconteçam e com que a doença fique cada vez mais descontrolada. Os testes ajudam como monitoramento: mesmo sem sintomas, a pessoa testa, se isola e evita continuar disseminando o vírus”, disse a biotecnologista e doutora em Genética e Biologia Molecular, Larissa Brussa. “O ideal é que as pessoas fossem testadas na menor suspeita de infecção.”

A busca por testes rápidos cresceu consideravelmente com a variante Ômicron aumentando o número de casos no país – houve um crescimento de 111% em duas semanas no final do ano, mas o apagão dos dados do Ministério da Saúde sobre a pandemia torna o número difícil de definir –, além do surto da gripe H3N2.

Agora, com os autotestes possivelmente chegando em breve nas farmácias, é normal que dúvidas surjam em relação a cada forma de diagnóstico. Veja qual o teste contra coronavírus ideal para cada situação:

Testes rápido de antígeno

Agora também no formato de autoteste caseiro, os testes de antígeno são úteis porque prontificam a pessoa com uma resposta em aproximadamente 15 minutos. “Ele pode ser feito em qualquer lugar, qualquer horário e não é necessário nenhum equipamento específico ou uma pessoa treinada”, disse Russa.

O ideal é que o teste de antígeno seja feito quatro dias após o contato com alguma pessoa positivada ou por volta de três dias após a apresentação de sintomas. Assim, as chances de um falso-negativo diminuem. 

No caso do autoteste caseiro, os possíveis erros na hora da execução foram, inclusive, um motivo para a Anvisa não ter autorizado o produto no país até 2022, já que o paciente precisa fazer um swab nasal sem o auxílio de um profissional de saúde. 

O órgão temia que falsos-negativos em testes caseiros pudessem afetar os programas de saúde pública (a sensibilidade dos testes é de 60% a 40%). Por isso, a recomendação é que qualquer teste rápido apenas auxilie o paciente num primeiro momento, mas que não sirva como um diagnóstico conclusivo.

Caso ele tenha dado positivo (ou negativo, mas os sintomas persistem), o recomendado é ir atrás de um teste RT-PCR.

Testes moleculares

Considerado "padrão ouro" para o diagnóstico da covid, o RT-PCR é o teste no qual uma raspagem precisa ser feito no fundo do nariz e da garganta. Ele é indicado para quando o paciente estiver entre o 3° ou 10° dia de sintomas, ou caso ele tenha sido exposto ao vírus cinco ou até seis dias antes.

Para quem tiver dificuldade em fazer o tradicional, existe uma versão do PCR que só necessita da coleta da saliva. De acordo com o Fleury, "de 100 exames positivos para o novo coronavírus pela pesquisa tradicional, o efetuado em saliva consegue identificar 94 casos positivos".

Há também o teste molecular rápido, feito via uma raspagem no nariz e no 'início' da garganta, que pode ser utilizado por empresas em protocolos de prevenção de transmissão.

Testes sorológicos

As pesquisas de anticorpos totais e de anticorpos IgG e IgM podem ser facilmente confundidas com um teste rápido ou PCR, mas elas não servem para verificar a presença do vírus no corpo.

A utilidade desses testes sorológicos é avaliar se houve produção de anticorpos após a contaminação, e a coleta deve ser feita 14 dias após o início dos sintomas ou 21 dias após ter sido exposto ao vírus.

Vale ressaltar que os anticorpos ajudam na proteção contra o vírus da covid-19, mas não substituem a vacinação.

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