Descoberta da Nasa pode revelar detalhes da formação planetária
Agência espacial americana anunciou que encontrou três novos planetas nesta semana
EFE
Publicado em 29 de julho de 2019 às 18h56.
Cabo Canaveral – OsatéliteTess, conhecido como o "caçador de planetas" da Nasa , encontrou três exoplanetas que podem ser o "elo perdido" para compreender a formação planetária, já que reúnem caraterísticas completamente diferentes das de qualquer outro conhecido até agora.
Osatélitefoi lançado no ano passado em Cabo Canaveral, no estado da Flórida (EUA) com a missão de analisar cerca de 20 mil exoplanetas - planetas situados fora do Sistema Solar - e determinar as possibilidades de algum deles ter as condições necessárias para abrigar vida.
Pesquisadores de instituições científicas e acadêmicas de vários países analisaram os dados apresentados pelo Tess e publicaram nesta segunda-feira os resultados da pesquisa na revista "Nature Astronomy".
Dos três novos exoplanetas descobertos agora, cujo sistema foi batizado como TOI-270, um é rochoso e ligeiramente maior que a Terra, e os outros são gasosos e medem aproximadamente o dobro do nosso planeta, segundo a Universidade da Califórnia, que liderou a pesquisa.
O novo sistema – três planetas e uma estrela - recebeu esse nome por ser o "objeto de interesse" número 270 descoberto pelosatéliteda Nasa ("Tess Object of Interest", em inglês).
Além disso, o menor desses corpos descobertos agora estaria na chamada "zona habitável" - suficientemente distante de sua estrela mais próxima para permitir a existência de oceanos de água líquida -, segundo informações apresentadas pela Universidade da Califórnia.
"Encontramos poucos planetas como este em zonas habitáveis, e muito menos ao redor de uma estrela com essas caraterísticas", destacou o cientista Stephen Kane, professor de Astrofísica Planetária da Universidade da Califórnia, e confirmou que no Sistema Solar não existe nenhum planeta como esse.
O Sistema Solar conta com planetas pequenos e rochosos, como Terra, Mercúrio, Vênus e Marte, e outros muitos maiores, como Saturno, Júpiter, Urano e Netuno, mas não de tamanho "intermediário" como os encontrados agora.
Os pesquisadores consideram que a nova descoberta vai permitir estudar o "elo perdido" entre os planetas pequenos e rochosos como a Terra e os maiores e dominados por gás, como Netuno, e determinar, por exemplo, se um desses exoplanetas teve alguma vez um oceano de água líquida e se reúne condições adequadas para o desenvolvimento de organismos vivos.
Os dados apresentados por Tess indicam que é pouco provável que no menor dos exoplanetas descobertos haja algum tipo de vida, já que a superfície é quente demais, mas os outros dois, situados a uma distância maior da estrela, podem ser mais frios e permitir que haja água na superfície.
Também participaram da pesquisa cientistas do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT), que corroboraram que um dos exoplanetas descoberto agora está em uma "zona temperada", o que o situa em uma categoria de temperatura que poderia suportar alguma forma de vida.
O MIT destacou em comunicado que o tamanho intermediário dos exoplanetas encontrados é "ideal" para que os cientistas tentem saber se corpos pequenos e rochosos como a Terra e os maiores como Netuno seguem um caminho próprio ou se evoluem de forma completamente diferente.
O cientista Francisco Pozuelos, atualmente na Universidade de Liège (Bélgica) e pesquisador colaborador da Universidade de Granada, na Espanha, considerou que este pode ser um excelente laboratório para compreender melhor como os sistemas planetários se formam e evoluem, já que o tamanho dos planetas é muito diferente dos já conhecidos.
Além disso, sua estrela "anfitriã" é especialmente brilhante e, embora este tipo de astro costume ser muito ativo e com frequentes labaredas e tempestades solares, ela parece ser muito antiga e ter se "acalmado", por isso emite um brilho constante que permite aos cientistas melhores observação e estudo.