Coronavírus pode provocar surdez permanente, aponta estudo
Em casos raros, células infectadas podem gerar condição irreversível; é necessário identificar sintomas rapidamente para evitar sequelas
Karina Souza
Publicado em 13 de outubro de 2020 às 21h03.
Última atualização em 15 de outubro de 2020 às 18h48.
Mais um efeito colateral grave da covid-19 acaba de ser descoberto: a surdez permanente. De acordo com os médicos, trata-se de uma reação adversa rara e que pode ser revertida se os sintomas forem identificados rapidamente. A conclusão foi relatada em um estudo publicado recentemente pela revista científica BMJ Case Reports, a partir de um caso observado no Reino Unido.
O paciente mais afetado por essa condição até agora é um homem de 45 anos que contraiu o coronavírus e já estava internado quando apresentou perda repentina de audição. Ele foi encaminhado para o departamento de ouvido, nariz e garganta e para a UTI em seguida, com sintomas graves da doença. Uma semana depois de ter o tubo respiratório removido, começou a perceber zumbido em seu ouvido esquerdo, seguido por perda auditiva súbita. Para reverter esse quadro, ele foi tratado com comprimidos de esteróides e injeções e, depois disso, teve sua audição recuperada de forma parcial.
De acordo com o estudo, isso pode ter acontecido porque o SARS-CoV-2 se fixa em um tipo específico de célula que reveste os pulmões — e também o ouvido médio. Com isso, ao atingir o organismo, o vírus pode gerar uma resposta inflamatória também nesse local e produzir o aumento nas substâncias químicas associadas à perda auditiva.
“Este é o primeiro caso relatado de perda auditiva neurossensorial após infecção por covid-19 no Reino Unido”, afirmam os autores do relatório. "Dada a presença generalizada do vírus na população e a morbidade significativa da perda auditiva, é importante investigar isso mais a fundo. Os médicos devem perguntar aos pacientes em terapia intensiva sobre perda auditiva e encaminhá-los para tratamento urgente", destacam.
No Brasil, ainda não há casos relatados de perda auditiva. A média móvel de mortes no país ficou em 499 nesta terça-feira, de acordo com dados reunidos pelo consórcio de veículos de comunicação.