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Como o 'gás do riso' pode ajudar quem tem depressão

Estudo feito por pesquisadores em Washington e em Chicago mostra que óxido nitroso pode melhorar sintomas da doença

Pesquisadores mostram que tratamento pode trazer melhora significativa a pacientes resistentes ao tratamento convencional (Thinkstock/Thinkstock)
KS

Karina Souza

Publicado em 9 de junho de 2021 às 19h07.

Última atualização em 9 de junho de 2021 às 19h07.

Fazer um tratamento com "gás do riso" para ajudar quem tem depressão pode parecer até irônico à primeira vista -- mas não é. Pesquisadores da Universidade de Washington e da Universidade de Chicago fizeram um estudo que mostra que a exposição ao oxigênio misturado com óxido nitroso (o popular gás do riso) por uma hora por dia pode ajudar pessoas com depressão resistente aos tratamentos convencionais.

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O estudo ainda está na fase 2 e, com base nas conclusões obtidas até agora, pesquisadores apontam que os efeitos do novo tratamento são benéficos e podem durar por várias semanas. As descobertas foram publicadas nesta quarta-feira (9) na revista Science Translational Medicine .

"O fato de termos visto melhorias rápidas em muitos desses pacientes no estudo sugere que o óxido nitroso pode ajudar as pessoas com depressão resistente realmente severa", diz Charles R. Conway, professor de psiquiatria da Universidade de Washington e um dos pesquisadores do estudo.

Ao todo, a pesquisa contou com 24 pacientes. Cada um deles recebeu três tratamentos com cerca de um mês de intervalo. Um deles era respisrar um gás por uma hora -- a mistura meio a meio de oxigênio com óxido nitroso --, outro era respirar uma solução com 25% de óxido nitroso e, por fim, o terceiro tratamento era uma espécie de placebo, somente com oxigênio.

Com base nos dados coletados, a equipe concluiu que os tratamentos com o 'gás do riso' melhoraram a depressão em 17 participantes do estudo. Enquanto a dosagem "meio a meio" com oxigênio teve efeitos duas semanas após o tratamento, a dose com apenas 25% de óxido nitroso foi associada a menos reações adversas.

"A dose mais baixa foi quase tão eficaz quanto a dose mais alta no alívio da depressão, sem causar tantas náuseas nos participantes", afirma Conway.

Entre as 20 pessoas que completaram todos os tratamentos e exames de acompanhamento, 11 tiveram melhora significativa em pelo menos metade dos sintomas e oito foram consideradas em remissão -- ou seja, não estavam mais deprimidos, segundo o diagnóstico clínico.

Os pesquisadores ressaltam que alguns pacientes do estudo já tomavam antidepressivos -- e foram autorizados a continuar usando esses medicamentos enquanto participavam do estudo. No entanto, até um terço das pessoas que faz uso desses remédios não tem melhora significativa no quadro clínico.

Avanços também no diagnóstico da depressão

Além deste avanço no tratamento, o diagnóstico também teve descobertas anunciadas recentemente. Um exame de sangue pode ser capaz de identificar bipolaridade e depressão.

Em linhas gerais, o trabalho consiste no desenvolvimento de um exame de sangue, formado por biomarcadores de RNA, que podem ajudar a distinguir a gravidade da depressão de um paciente e o risco de transtorno bipolar futuro. Também é possível saber, por meio dos resultados, os melhores medicamentos para cada paciente.

A situação ganha ainda mais importância diante do contexto da covid-19 e suas consequências no mundo. Mesmo com o avanço da vacinação, o estresse gerado pelo isolamento social e outras consequências da pandemia pode reduzir a eficácia das vacinas contra a covid-19.

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