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Cientistas querem descobrir o apetite de 200 mil brasileiros

Durante uma década, estudo vai analisar hábitos alimentares de 200 mil pessoas para entender pontos positivos e negativos da dieta brasileira

Alimentação brasileira: pesquisa quer entender como hábitos alimentares afetam a saúde (Igor Alecsander/Getty Images)
MB

Murilo Bomfim

Publicado em 31 de julho de 2020 às 13h53.

Última atualização em 31 de julho de 2020 às 15h27.

Certamente você já ouviu falar na “dieta do mediterrâneo” . Popular desde os anos 90, o termo faz referência à alimentação adotada pelos países do Mar Mediterrâneo — como França, Espanha e Grécia —, com bom impacto na saúde de seus habitantes.

O padrão alimentar da região inclui, por exemplo, o uso de azeite de oliva, o consumo contínuo de vegetais e a ingestão moderada de carnes, peixes e vinho. A descoberta dos benefícios deste estilo de alimentação não foi fácil: levou anos de pesquisas sobre hábitos alimentares e sobre o estado de saúde de quem seguia a dieta.

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Hoje, o Brasil segue o mesmo caminho para esclarecer como comemos e qual o impacto da nossa dieta na saúde. Para isso, está em curso uma pesquisa, no mínimo, ousada. Comandados pela USP, cientistas de outras cinco universidades brasileiras (UFBA, UFMG, UFPel, UFRGS e Unifesp) se unem no estudo NutriNet Brasil. A ideia é estudar os hábitos alimentares de 200 mil pessoas, por um período de dez anos.

“Alimentos raramente são ingeridos de maneira isolada, é mais comum que se façam combinações, como o típico feijão com arroz”, diz Carlos Monteiro, coordenador do estudo. “Por isso, a epidemiologia nutricional tem estudado o efeito dos padrões alimentares – e não dos alimentos – sobre a saúde humana.”

Segundo Monteiro, algumas pesquisas já mostram que o padrão “feijão com arroz” é protetor contra doenças crônicas, e que o estilo de dieta ocidental, com a inclusão de fast food, é capaz de aumentar, por exemplo, o risco de desenvolvimento de diabetes.

“Mesmo com estes estudos, ainda não se têm respostas completas sobre a alimentação brasileira, que é diversa e varia de acordo com cada região”, diz.

O estudo é aberto a qualquer residente no Brasil, bastando ter mais de 18 anos. Para participar, basta fazer um cadastro na plataforma da pesquisa e responder a questionários sobre alimentação e saúde, que são enviados a cada três meses.

Alimentação e quarentena

Com uma base de cerca de 10 mil respondentes, a pesquisa já tem alguns resultados parciais sobre o impacto da quarentena na alimentação dos brasileiros. Segundo Monteiro, os padrões alimentares são resilientes e podem abrir pouco espaço para mudanças, mas algumas leves alterações foram detectadas.

As notícias são boas. Houve um leve aumento no consumo de alimentos in natura, como feijão, frutas e hortaliças em geral. Na ingestão de ultraprocessados — opções vendidas pela indústria, com uma série de transformações e aditivos químicos — houve estabilidade. Alguns itens registraram aumento, no entanto: caso do chocolate e da maionese. De modo geral, o consumo de refrigerantes caiu.

Ao que tudo indica, ou o brasileiro passou a cozinhar mais, ou está fazendo escolhas mais conscientes no delivery.

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