Ciência

Melhor vacinar a todos que aplicar dose extra, dizem cientistas

Revisão de dados publicada na revista The Lancet afirma que reforços devem mirar pessoas com imunidade comprometida e levar em consideração suprimento de vacinas e dados disponíveis

Vacina: para cientistas, embora haja redução de eficácia, esquema vacinal atual protege contra casos graves mesmo de variantes como a Delta (Stephane Mahe/Reuters)

Vacina: para cientistas, embora haja redução de eficácia, esquema vacinal atual protege contra casos graves mesmo de variantes como a Delta (Stephane Mahe/Reuters)

TL

Thiago Lavado

Publicado em 13 de setembro de 2021 às 18h00.

Uma revisão de dados publicados até o momento, feita por um grupo de cientistas internacionais e publicada na renomada revista científica de medicina The Lancetafirma que doses de reforço das vacinas contra a covid-19 não são necessárias no momento.

Os cientistas incluem dois oficiais sênior da FDA (agência que equivale à Anvisa nos EUA), além de outros pesquisadores, e afirmam que os imunizantes atualmente aprovados, de acordo com os dados, permanecem altamente efetivos contra casos graves da doença e hospitalização, inclusive quando causadas pela variante Delta.

De acordo com os cientistas, embora a efetividade das vacinas caia com o tempo, a proteção contra casos graves de covid-19 ainda persiste e é preciso considerar o suprimento de vacinas, garantindo imunidade para mais pessoas, antes de reforçar as que já têm o esquema vacinal completo.

"Escrutínio cuidadoso e público da evolução dos dados será necessário para garantir que decisões sobre novas doses sejam informadas por ciência confiável mais do que por política. Mesmo que o reforço venha, eventualmente, mostrar declínio no risco de contrair um caso grave da doença no longo prazo, os suprimentos de vacina atuais poderiam salvar mais vidas se usados em pessoas ainda não vacinadas", disseram os autores.

Os autores do estudo, no entanto, afirmam que o reforço seria apropriado para casos específicos, como indivíduos cuja vacinação inicial não tenha induzido proteção adequada, como vacinas de eficácia menor ou mesmo pessoas com sistema imunológico comprometido.

Embora haja ampla oferta de doses das vacinas contra a covid-19, apenas 53,3% dos americanos estão imunizados com duas doses e o sentimento anti-vacina encontra eco na sociedade americana, com estados que chegam a menos de 40% da população imunizada.

"As vacinas atuais são seguras, efetivas e salvam vidas. O suprimento limitado dessas vacinas vai salvar mais vidas se estiver disponível para pessoas que estejam em risco de doença grave e ainda não receberam qualquer imunização", afirmaram os autores.

O texto é publicado em meio a uma nova etapa do combate à pandemia nos EUA. Na semana passada, o presidente Joe Biden havia anunciado medidas de vacinação para empresas e funcionários públicos federais. O governo também esperava começar em uma semana a administrar um reforço para quem já se vacinou nos Estados Unidos.

Um grupo conselheiro da FDA deve se reunir na sexta-feira, 17, para discutir os dados disponíveis e definir se uma estratégia de reforço é adequada para o país.

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