Ciência

Cientistas chineses conseguem clonar um macaco rhesus

Pesquisadores agora esperam que o procedimento possa permitir a criação de macacos rhesus idênticos para estudos médicos

O macaco rhesus clonado, chamado Retro, em foto de 2023 no Instituto de Neurociências da Academia Chinesa de Ciências em Xangai (AFP)

O macaco rhesus clonado, chamado Retro, em foto de 2023 no Instituto de Neurociências da Academia Chinesa de Ciências em Xangai (AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 16 de janeiro de 2024 às 19h06.

Última atualização em 16 de janeiro de 2024 às 19h17.

Um time de cientistas chineses conseguiu clonar um macaco rhesus chamado Retro, de 2 anos de idade e com boa saúde, aprimorando a técnica que permitiu o nascimento da ovelha Dolly em 1996, revelou um estudo publicado nesta terça-feira, 16.

Primatas são muito difíceis de clonar, então os cientistas enfrentaram anos de fracassos antes de obter sucesso. Agora, esperam que o procedimento, que utiliza a placenta, possa permitir a criação de macacos rhesus idênticos para estudos médicos.

Desde a clonagem de Dolly, em 1996, mais de 20 tipos de mamíferos — cães, gatos, porcos, bovinos — foram criados com a técnica de Transferência Nuclear de Células Somáticas (SCNT).

Porém, só mais de duas décadas depois os cientistas conseguiram clonar o primeiro primata. Um casal de macacos-caranguejeiros geneticamente idênticos, chamados Hua Hua e Zhong Zhong, nasceu por meio do método SCNT em 2018 no Instituto de Neurociências da Academia Chinesa de Ciências em Xangai, dirigido por Qiang Sun, autor principal do estudo publicado na Nature Communications.

Foi um avanço científico, ainda que menos de 2% dos macacos-caranguejeiros tenham nascido vivos. Todas as tentativas anteriores de clonar macacos rhesus, espécie que deu nome ao sistema de grupos sanguíneos (fator RH), haviam falhado.

Clonagem humana “seria muito difícil”

A equipe do instituto chinês investigou as causas desse fracasso e identificou o motivo principal: as placentas que fornecem os nutrientes necessários para o crescimento dos embriões clonados apresentavam anomalias em comparação com as placentas provenientes da fertilização in vitro de macacos não clonados.

Os pesquisadores substituíram então as células da futura placenta, chamadas trofoblasto, por células de um embrião saudável e não clonado.

Essa técnica "melhorou consideravelmente a taxa de sucesso da clonagem por meio da SCNT" e resultou no nascimento de um macaco rhesus clonado batizado como Retro, que agora tem 2 anos, disse Qiang Sun à AFP.

O problema é que apenas um dos 113 embriões sobreviveu, ou seja, a taxa de sucesso é inferior a 1%, destacou Lluis Montoliu, do Centro Nacional de Biotecnologia da Espanha, que não participou das pesquisas.

Se o ser humano for clonado um dia, um grande temor no campo da pesquisa, seria necessário antes conseguir clonar outras espécies de primatas, apontou este cientista no Science Media Centre (SMC).

A baixa taxa de êxito dessas pesquisas "confirma que não apenas a clonagem de humanos é inútil e discutível, mas, se fosse tentada, seria muito difícil e eticamente injustificada", comentou Montoliu.

Uma opinião compartilhada por Qiang Sun, que considera a clonagem de um ser humano algo "inaceitável" em qualquer circunstância.

A técnica de clonagem reprodutiva por meio do método SCNT consiste em produzir uma cópia genética de um animal, substituindo o núcleo de um óvulo não fecundado por uma célula do corpo do animal doador, formando um embrião que pode ser transferido para o útero de uma fêmea para gestação.

Um macaco rhesus chamado Tetra já havia sido clonado em 1999 com outra técnica, usando a divisão de embriões. Esse procedimento é mais simples, mas só pode produzir quatro clones simultaneamente.

Os cientistas, portanto, se concentraram na SCNT em parte porque permite criar muito mais clones, com o objetivo de reproduzir macacos geneticamente idênticos para estudar algumas doenças e testar medicamentos.

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