Natal: Alta no preço do cacau leva fabricantes a mudar receitas (gustavomellossa/iStock /Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 22 de dezembro de 2025 às 13h52.
Com a chegada do Natal, no dia 25 de dezembro, muitos consumidores que investiram em produtos natalinos com chocolate podem se surpreender: o que está dentro das embalagens pode não ser chocolate de verdade, feito com a quantidade tradicional de cacau. Isso porque a instabilidade no mercado global de cacau está levando fabricantes a repensar as receitas e, em alguns casos, usar alternativas mais baratas no lugar do ingrediente habitual.
A mudança começou com uma alta histórica nos preços do cacau, atribuída a problemas climáticos nas principais regiões produtoras, especialmente na África Ocidental, onde ficam a Costa do Marfim e Gana, que juntos respondem por grande parte da oferta global. Mesmo com preços recuando em 2025, muitas empresas ainda trabalham com estoques comprados a valores elevados e mantêm receitas alteradas.
Quando os custos do cacau sobem demais, fabricantes podem aumentar o preço final ou buscar alternativas mais baratas, como gorduras vegetais, açúcar extra e aditivos que imitam o sabor e a textura do chocolate. Esses produtos podem parecer iguais no sabor e visual, mas não obedecem às regras de composição do chocolate tradicional, que exige certa proporção de massa de cacau.
Essa prática não é totalmente nova. Em outras datas comemorativas, como no Halloween, foi observado que doces com menores quantidades de chocolate ou fórmulas alternativas passaram a dominar as prateleiras enquanto os preços continuavam altos. Para o consumidor, isso significa que o doce pode custar o mesmo ou mais do que antes, mas com menos cacau.
Com a lacuna aberta pela crise do cacau, empresas e startups estão se especializando em "chocolate sem cacau". Em entrevista à CNBC, Massimo Sabatini, CEO da startup italiana Foreverland, a tendência de abandonar o cacau está crescendo entre confeiteiros, a ponto de se tornar comum o uso de chocolate “falso” em produtos acessíveis. A empresa utiliza alfarroba (vagem marrom escura, doce, da árvore alfarrobeira), sementes de abóbora e grão-de-bico para produzir um produto parecido ao chocolate.
Já Jessica Karch, gerente de marketing da empresa alemã Planet A Foods — que fabrica uma alternativa ao chocolate derivada de sementes de girassol —, afirma que a demanda pela versão "fake" do chocolate já está aumentando e, com isso, novas opções chegarão ao mercado.
Observe o rótulo e a lista de ingredientes antes da compra: quanto maior for a presença de termos como “massa de cacau” e “manteiga de cacau”, maior a chance do produto ser chocolate de verdade.
Empresas como a Hershey prevê que o custo do cacau seguirá subindo até 2026 e já reajustou os preços de toda a sua linha para evitar prejuízos. Já para especialistas ouvidos pela CNBC, apesar dos sinais de recuperação de preços no futuro, o chocolate puro pode continuar a ter preços altos por um bom tempo.