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Cachorros já nascem prontos para interagir com humanos, afirma estudo

Estudo da Universidade de Antropologia do Arizona mostra que filhotes já conseguem interpretar sinais humanos - algo que era visto somente em animais adultos

(damedeeso/Getty Images)
KS

Karina Souza

Publicado em 3 de junho de 2021 às 15h10.

O ditado de que "o cão é o melhor amigo do homem" nunca foi tão verdadeiro. Um estudo da Universidade do Arizona mostrou recentemente que cachorros já nascem prontos para interagir com humanos. De acordo com os resultados, publicados na revista Current Biology, a habilidade dos cães de interagir com humanos pode ser explicada, em mais de 40%, pela genética que recebem -- e não é algo totalmente condicionado ao treinamento dos cães.

"Esses números são bastante elevados, muito parecidos com as estimativas da herdabilidade da inteligência em nossa própria espécie", diz Emily Bray, uma das autoras do estudo, que estuda esse tema há mais de dez anos, em comunicado. "Todas essas descobertas sugerem que os cães são biologicamente preparados para se comunicarem com os humanos."

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Para entender se a capacidade de comunicação dos cães é explicada pela biologia, os pesquisadores tiveram acesso a 375 filhotes, todos com idade similar e pertencentes às raças Labrador, Golden Retriever ou uma mistura de ambas. No estudo, esse pedigree era conhecido e, portanto, os pesquisadores conseguiam determinar qual o grau de parentesco de uns com os outros. Nenhum dos filhotes tinha sido adotado até o momento e todos contavam com uma criação semelhante, com pouca interação humana até àquele momento.

Durante os testes, os cachorros responderam bem, de forma quase inata, aos gestos e à comunicação visual. Em uma atividade na qual os humanos apontavam para um copo no qual "guloseimas" estavam escondidas, os cachorros foram capazes de voltar ao mesmo local em pelo menos 70% das vezes. Para eliminar o risco de que fossem guiados por seus focinhos, os pesquisadores esconderam a mesma guloseima nos outros copos que eram apresentados aos cães.

Na pesquisa, os resultados de atenção dos cachorros foram ainda melhores quando as pessoas começaram a falar com voz estridente com os filhotes.

"Nossas descobertas podem, portanto, apontar para uma parte importante da história da domesticação, em que os animais com uma propensão para a comunicação com nossa própria espécie podem ter sido selecionados nas populações de lobos que deram origem aos cães", afirma Bray.

Depois de testar os filhotes e acompanhá-los, os pesquisadores voltaram a realizar testes com 160 cachorros já em idade adulta. Entre eles, houve uma melhora significativa nas habilidades demonstradas quando eram pequenos, o que sugere que o ambiente no qual vivem também desempenha um papel essencial para seu desenvolvimento.

Com as conclusões, os pesquisadores esperam que o estudo ajude a melhorar a identificação de cachorros que poderão se tornar parceiros de pessoas com deficiência de forma mais fácil, melhorando seu treinamento.

Depois desse estudo, os pesquisadores querem dar um passo ainda maior. Eles devem continuar estudos com cachorros para determinar se é possível identificar os genes responsáveis pela capacidade dos cães se comunicarem com os humanos.

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