Britânico com covid-19 testa positivo 45 vezes seguidas
O paciente testou positivo pela primeira vez em meados de 2020 e continuou dando positivo em todos os testes (cerca de 45) até sua morte, 505 dias depois
Matheus Doliveira
Publicado em 22 de abril de 2022 às 15h04.
Um paciente com covid-19 no Reino Unido testou positivo por 16 meses até sua morte, o caso de infecção mais longo já conhecido - revela um estudo sobre a evolução do vírus em pacientes imunossuprimidos divulgado nesta sexta-feira (22).
O paciente, cuja identidade não foi divulgada, testou positivo pela primeira vez em meados de 2020 e tinha problemas respiratórios. Continuou dando positivo em todos os testes (cerca de 45) até sua morte, 505 dias depois, disse à AFP a dra. Gaia Nebbia, coautora do estudo.
É o caso mais longo de infecção por covid-19 conhecido até o momento, segundo um comunicado do Congresso Europeu de Microbiologia e Doenças Infecciosas, que acontece de 23 a 26 de abril e onde será apresentado a pesquisa completa.
Conduzido por pesquisadores da King's College London e do Guy's and St Thomas' Hospital, em Londres, o estudo analisou nove pacientes imunodeprimidos com infecção persistente pelo vírus entre março de 2020 e dezembro de 2021.
Todos deram positivo por pelo menos oito semanas, e dois, por mais de um ano. Dos nove pacientes, quatro morreram, e quatro foram curados. Um nono paciente continuava infectado no início de 2022, 412 dias após o primeiro teste positivo.
"Os pacientes imunodeprimidos com infecção persistente têm pouca chance de sobrevivência, e são necessárias, urgentemente, novas estratégias de tratamento para deter sua infecção", alertou Nebbia.
O estudo pretendia investigar as mutações do coronavírus em pacientes infectados durante meses.
"Queríamos caracterizar a evolução viral nesses indivíduos que podiam acumular mutações durante sua infecção persistente. Essa é uma das hipóteses para o surgimento de variantes", explicou a médica.
Segundo estimativas do Escritório de Estatísticas Nacionais (ONS, na sigla em inglês) divulgadas nesta sexta, 38,5 milhões de pessoas tiveram covid-19 na Inglaterra entre o fim de abril de 2020 e meados de fevereiro de 2022, ou seja, 70% da população.