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Astrônomos encontram buraco negro raríssimo e que não deveria existir

O novo buraco negro pesa 142 vezes a massa do Sol e não se classifica nas características de buracos negros já conhecidos pelos cientistas

Buraco negro: deformidade no espaço-tempo ainda intriga cientistas que tentam explicar como o região é formada (Nasa/ESA/Divulgação)
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Rodrigo Loureiro

Publicado em 2 de setembro de 2020 às 12h34.

Uma equipe internacional de astrônomos encontrou um buraco negro que, supostamente, não deveria existir. Isso, pelo menos, de acordo com o que se sabe sobre esta deformidade no espaço-tempo que ainda intriga a comunidade científica. O buraco negro encontrado recentemente foge das características conhecidas pela ciência.

A equipe de pesquisadores, que trabalha com a colaboração científica do Observatório de Ondas Gravitacionais de Interferometria a Laser (LSC), anunciou a descoberta nesta quarta-feira (2). O buraco negro IMBH possui massa 142 vezes maior do que a do Sol e, por isso, não se encaixa na descrição de nenhum tipo de buraco negro conhecido atualmente.

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Isso se dá porque os pesquisadores classificam um buraco negro de duas formas. Há os que são chamados de estelares ou colapsares, que nascem da explosão de estrelas e possuem uma faixa de massa de algumas dezenas de sua própria massa estelar. E há os supermassivos, que são buracos negros com massa bilhões de vezes maior do que a do Sol.

Desta forma, não havia um buraco negro que ficasse nesta faixa intermediária, com uma massa 142 vezes maior do que a do Sol. Ou seja, maior do que um buraco negro estelar e bem menor do que um buraco negro supermassivo. Era algo considerado impossível de acontecer. Pelo menos até agora.

De acordo com Karam Jani, professor-assistente da Universidade de Vanderbilt, o buraco negro foi formado pela colisão de dois outros buracos negros. "Ambos são extremamente maciços, algo que sabemos que as estrelas não podem ser", disse ao Engadget .

O pesquisador explica que os buracos negros individuais pesavam entre 65 e 85 vezes a massa do Sol – o que faz com que eles superem o tamanho teórico dos buracos negros colapsares. Na colisão entre os dois, ocorrida seis bilhões de anos atrás, houve a liberação de massas solares de energia que formaram a nova onda gravitacional.

“É como se fosse uma lacuna na natureza”, afirmou Jani. Ele explica que este tipo de anomalia espacial é conhecida como um “deserto de buraco negro” e que nunca na história sido confirmada a sua existência. Até o momento, os astrônomos haviam encontrado apenas potenciais candidatos a este tipo de buraco negro, alguns a 290 milhões de anos-luz de distância da Terra.

“Este é um marco na astronomia moderna”, afirma Jani. “O sistema que descobrimos é tão bizarro que quebra uma série de suposições anteriores sobre como os buracos negros se formam.” Segundo o pesquisador, o buraco negro encontrado é pelo menos 500 vezes mais raro do que os estelares ou supermassivos.

O pesquisador diz que as chances de encontrar um deste tipo são equivalentes a probabilidade de que de duas bolas de golfe, uma partindo da China e outra da Argentina, se chocarem no ar.

Vale destacar que, em 2019, astrônomos descobriram na Via Láctea um buraco negro semelhante, com massa 70 vezes maior que a do Sol, que também não deveria existir. O buraco negro encontrado recentemente, porém, traz mais informações sobre este tipo de fenômeno.

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