Aos 8 anos, 70,8% dos estudantes não sabem matemática
Além disso, 69,9% das crianças do 3º ano do ensino fundamental têm desempenho abaixo do esperado na escrita e 55,5% leem mal
Da Redação
Publicado em 26 de junho de 2013 às 09h28.
São Paulo - Mais da metade das crianças do 3.º ano do ensino fundamental de escolas públicas e privadas do país não aprendeu os conteúdos esperados.
A situação é ainda pior se forem consideradas apenas as escolas públicas. Em matemática, 70,8% dos alunos não sabem o adequado. Em leitura, esse porcentual foi de 60,3% e em escrita, de 74,1%.
Nas duas redes, uma em cada três crianças não sabe, aos 8 anos, o mínimo esperado em matemática. Assim, apenas 66,7% delas resolvem problemas com notas e moedas e sabem fazer contas de adição e subtração.
Além disso, 69,9% têm desempenho abaixo do esperado na escrita e 55,5% leem mal - não conseguem, por exemplo, identificar temas de uma narrativa e perceber relações de causa num texto.
Os dados são da Prova ABC, realizada pela organização não governamental (ONG) Todos pela Educação em parceria com a Fundação Cesgranrio e os Institutos Paulo Montenegro e Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep).
De acordo com os coordenadores da avaliação, os resultados mostram que as crianças escrevem pior do que leem e indicam certo abandono do ensino de matemática. Segundo a diretora executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz, a Prova ABC adota como modelo de adequação a autonomia do aluno.
"Nosso entendimento de alfabetização vai além de aprender a ler. Precisamos que as crianças tenham condições necessárias de ler para conseguir aprender", diz. Priscila lembra que os resultados expõem o "berço da desigualdade educacional". "É fato de indignação ter só metade das crianças com as competências esperadas."
Desafio
A ONG estipulou como meta que, até 2022, toda criança esteja plenamente alfabetizada até os 8 anos. Uma realidade distante para muitos que estudam em escola pública.
A auxiliar de odontologia Luana Osti Ignacio, de 29 anos, afirma que o filho só começou a ler bem com 10 anos. "Ele não escreve bem até hoje, não sei como passa de ano. Já pensei em colocar em escola particular, mas a gente não ganha bem", diz. O filho Guilherme, hoje no 6.º ano, estudava numa escola municipal e em 2012 foi transferido para uma unidade estadual na zona leste.
Apesar de as crianças não terem bons resultados em leitura e escrita, matemática é o desafio maior. Conforme a especialista em ensino de matemática Katia Smole, do grupo Mathema, os resultados mostram que os alunos conseguem responder a questões elementares, mas têm dificuldades em conteúdos mais complexos.
"É como se fosse um analfabeto funcional em matemática." Katia aponta algumas hipóteses para o déficit. "Pode haver falta de clareza curricular. Ou, por temer que as crianças fracassem, o professor acaba ensinando o conteúdo elementar."
Última edição
A prova foi aplicada em 1,2 mil escolas em 600 municípios. Os resultados não são comparáveis com a edição anterior. Esta foi a última edição, uma vez que o governo anunciou instrumento próprio de avaliação.
São Paulo - Mais da metade das crianças do 3.º ano do ensino fundamental de escolas públicas e privadas do país não aprendeu os conteúdos esperados.
A situação é ainda pior se forem consideradas apenas as escolas públicas. Em matemática, 70,8% dos alunos não sabem o adequado. Em leitura, esse porcentual foi de 60,3% e em escrita, de 74,1%.
Nas duas redes, uma em cada três crianças não sabe, aos 8 anos, o mínimo esperado em matemática. Assim, apenas 66,7% delas resolvem problemas com notas e moedas e sabem fazer contas de adição e subtração.
Além disso, 69,9% têm desempenho abaixo do esperado na escrita e 55,5% leem mal - não conseguem, por exemplo, identificar temas de uma narrativa e perceber relações de causa num texto.
Os dados são da Prova ABC, realizada pela organização não governamental (ONG) Todos pela Educação em parceria com a Fundação Cesgranrio e os Institutos Paulo Montenegro e Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep).
De acordo com os coordenadores da avaliação, os resultados mostram que as crianças escrevem pior do que leem e indicam certo abandono do ensino de matemática. Segundo a diretora executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz, a Prova ABC adota como modelo de adequação a autonomia do aluno.
"Nosso entendimento de alfabetização vai além de aprender a ler. Precisamos que as crianças tenham condições necessárias de ler para conseguir aprender", diz. Priscila lembra que os resultados expõem o "berço da desigualdade educacional". "É fato de indignação ter só metade das crianças com as competências esperadas."
Desafio
A ONG estipulou como meta que, até 2022, toda criança esteja plenamente alfabetizada até os 8 anos. Uma realidade distante para muitos que estudam em escola pública.
A auxiliar de odontologia Luana Osti Ignacio, de 29 anos, afirma que o filho só começou a ler bem com 10 anos. "Ele não escreve bem até hoje, não sei como passa de ano. Já pensei em colocar em escola particular, mas a gente não ganha bem", diz. O filho Guilherme, hoje no 6.º ano, estudava numa escola municipal e em 2012 foi transferido para uma unidade estadual na zona leste.
Apesar de as crianças não terem bons resultados em leitura e escrita, matemática é o desafio maior. Conforme a especialista em ensino de matemática Katia Smole, do grupo Mathema, os resultados mostram que os alunos conseguem responder a questões elementares, mas têm dificuldades em conteúdos mais complexos.
"É como se fosse um analfabeto funcional em matemática." Katia aponta algumas hipóteses para o déficit. "Pode haver falta de clareza curricular. Ou, por temer que as crianças fracassem, o professor acaba ensinando o conteúdo elementar."
Última edição
A prova foi aplicada em 1,2 mil escolas em 600 municípios. Os resultados não são comparáveis com a edição anterior. Esta foi a última edição, uma vez que o governo anunciou instrumento próprio de avaliação.