Ciência

Agência americana analisa vacina de dose única da Johnson & Johnson nesta sexta

Vacina pode ser a terceira aprovada pelos Estados Unidos, e o país já encomendou 100 milhões de doses; no Brasil, contrato com o governo ainda não foi fechado

Johnson & Johnson: eficácia geral da vacina para casos graves é de 85% (NurPhoto / Colaborador/Getty Images)

Johnson & Johnson: eficácia geral da vacina para casos graves é de 85% (NurPhoto / Colaborador/Getty Images)

LP

Laura Pancini

Publicado em 26 de fevereiro de 2021 às 06h00.

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Uma comissão de especialistas independentes do órgão regulador de medicamentos dos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA), se reúne nesta sexta-feira (26) para avaliar o pedido de autorização de uso emergencial da vacina contra o coronavírus da Johnson & Johnson, produzida pelo seu laboratório Janssen.

Em documentos publicados na quarta-feira (24), o órgão americano confirmou que a vacina de uma dose "pareceu eficaz e segura em testes", abrindo caminho para sua aprovação para uso emergencial.

A reunião pode ser acompanhada online, a partir das 11 horas no horário de Brasília, pelo YouTube ou pelo site oficial da agência americana. Em seu site, o FDA também disponibilizou materiais de apoio para avaliação do público.

Em dezembro de 2020, as vacinas da Pfizer com a alemã BioNTech e a da Moderna foram aprovadas pelo órgão americano para uso emergencial. Por enquanto, elas são as únicas sendo distribuídas no país.

Caso a vacina da J&J seja aprovada, os Estados Unidos já tem 100 milhões de doses confirmadas. Outros países e blocos também já garantiram suas doses: União Europeia (200 milhões); União Africana (120 milhões); Reino Unido (30 milhões); Canadá (38 milhões); Colômbia (9 milhões); Coreia do Sul (6 milhões); Chile (4 milhões) e Nova Zelândia (2 milhões). Ainda não há confirmações de quantas doses possivelmente serão compradas para a região da América Látina.

Qual a eficácia da vacina da Johnson & Johnson

A vacina da J&J se mostrou 66% eficaz na prevenção da covid-19 de diversas variantes em um teste global com quase 44 mil pessoas, informou a empresa no mês passado. Sua eficácia variou em cada país onde foi testado: Estados Unidos obteve 72%; enquanto a América Latina teve 66% e a África do Sul 57%, mas, sua eficácia para impedir casos graves da doença foi de 85%.

A vacina da J&J é produzida do mesmo material utilizado no desenvolvimento da vacina do Ebola, que inclui o vírus inativado da gripe comum. Ela pode ser armazenada à temperatura de geladeiras normais, uma grande vantagem competitiva em países com uma infraestrutura de saúde relativamente mais fraca.

Em dezembro, a J&J fechou um acordo de apoio ao Covax, iniciativa da Gavi Alliance, que trabalha com distribuição de vacinas em países em desenvolvimento, em parceria com a Fundação Bill e Melinda Gates e coliderada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

O objetivo do Covax é garantir o acesso global às vacinas e fornecer 2 bilhões de doses aos países participantes, sendo 92 nações de renda baixa e média, até o final de 2021. Para garantir o suprimento de 500 milhões de vacinas, a Johnson & Johnson encaminhou dados à OMS pedindo a inclusão da sua vacina em uma lista de uso emergencial, pré-requisito para o envio de vacinas para o Covax.

A vacina da Johnson & Johnson será aplicada no Brasil?

Os ensaios clínicos da fase final da vacina foram realizados no Brasil e em outros países da América Latina. Em janeiro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concluiu a Certificação das Boas Práticas de Fabricação (CBPF) de três empresas envolvidas no processo fabril da vacina da J&J, porém, até agora o órgão aguarda o pedido para registro definitivo ou uso emergencial.

Na última quarta-feira (24), o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que a vacina da J&J, junto com a da Pfizer, será adquirida pelo governo brasileiro caso haja uma "autorização clara" que flexibilize a legislação atual.

"Temos sido muito duros, e eles (laboratórios) mais duros do que a gente, ou seja, eles não afrouxam uma vírgula (dos contratos). Nós levamos o problema ao governo, que está tratando isso junto ao Congresso e está se discutindo a possibilidade de termos flexibilização de lei para isso", declarou o ministro em coletiva de imprensa.

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