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Vinho no Zé Delivery: Ambev acelera importação e abre bodega para visitantes em Mendoza

EXAME visitou a vinícola Dante Robino comprada em 2020 pela cervejaria; a partir desse mês, grupos de 10 a 15 pessoas podem reservar visitas guiadas e almoço no restaurante

Dante Robino: vinícola quer ser a 5ª maior produtora de vinho de Mendoza (Divulgação/Site Exame)

Dante Robino: vinícola quer ser a 5ª maior produtora de vinho de Mendoza (Divulgação/Site Exame)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 27 de julho de 2023 às 16h59.

Última atualização em 29 de julho de 2023 às 17h37.

Para chegar a Marte, a Ambev foi até Mendoza. Em 2020, a fabricante de cervejas se aventurou na produção de vinhos comprando a centenária Dante Robino. No último mês, período de alta temporada do turismo da cidade argentina, a companhia abriu as portas do restaurante de sua vinícola, a apenas 20 quilômetros da região central. A EXAME foi visitar a vinícola da maior cervejaria da América Latina.

A vantagem da proximidade com a região central de Mendoza é um fator positivo para atrair os turistas, que podem fazer visitas guiadas no local. A título de comparação, as famosas Zuccardi e Catena Zapata estão a 112 quilômetros e 37,2 quilômetros. Ainda em fase inicial, o restaurante recebe grupos pequenos, de 10 a 15 pessoas, com reserva no site da bodega ou por meio de agências de turismo. Lá, as opções de prato são no forno à lenha, parilla e fogo de chão.

A chegada da Ambev deu musculatura à Dante Robino e colocou a fabricante da cervejas ainda mais no trilho de sua estratégia de ser uma plataforma de bebidas. Não é à toa. O mercado de vinhos deve faturar US$ 500 bilhões em 2023 em todo o mundo, de acordo com a empresa de pesquisas GrandView, com destaque para o crescimento do mercado brasileiro que já está entre os 15 maiores consumidores globais.

Ainda assim, desde a compra em 2020, a entrada dos vinhos Dante Robino no mercado brasileiro foi gradual e só chegou ao ao momento de tração neste ano, com a chegada, ao fim de maio, das linhas Novecento, Dante Robino, Legado e Gran Dante à plataforma Zé Delivery e a redes de varejo físico e online, como os supermercados Pão de Açúcar e o e-commerce do Magazine Luiza. O preço indicado para a linha Novecento, considerada de entrada no portfólio, é de R$ 50.

No ano passado, com a Copa do Mundo de futebol masculino, a Ambev se juntou ao narrador e apresentador esportivo Galvão Bueno, que é investidor no mundo dos vinhos, para lançar uma coleção limitada batizada de Bien Amigos, que unia vinhas argentinas e brasileiras.

Na mala, sementes de Malbec e Bonarda

O lema de chegar ao planeta vermelho veio da Dante Robino, em que "a paixão pelo vinho transborda até Marte". A vinícola nasceu em 1920, com a chegada do imigrante do norte da Itália, Dante Robino, à cidade de Mendoza. Trazia em sua mala duas uvas: a Malbec, que virou sinônimo do vinho de Mendoza, e a Bonarda, uma uva ainda pouco conhecida no Brasil e na qual a bodega se diferencia de grande parte das outras vinícolas locais. Os brasileiros podem experimentar a uva no vinho  Grand Dante Bonarda que foi importado pela Ambev para o Brasil. Agradável, esse vinho deve ser consumido em temperaturas entre 14º e 18º.

Até a chegada da Ambev, a vinícola produzia 4 milhões de litros. Em 2022, foram 32 milhões de litros, passando de 47ª maior produtora local para 11ª. Para isso, o número de funcionários passou de 70 para 150 e a Dante alugou mais quatro vinícolas extras. A enóloga Maria Soledad Buenanueva está à frente da produção, que ainda conta com direção técnica de Nicolas Bruno. A Dante também contratou o consultor enológico Jorge Riccitelli, já eleito o melhor enólogo do mundo. À frente do enoturismo está a sommelière Melissa Gordillo. 

Mas o ganho de escala não fez a vinícola abrir mão de métodos tradicionais de produção. A armazenagem dos vinhos da linha Novecento, por exemplo, fica curiosamente em tubulações no solo, o que ajuda a manter a temperatura do vinho. No passeio pela vinícola, é possível, também, ver tonéis de carvalho francês com mais de 90 anos que vinham da França chegando por Buenos Aires. Mas esses são decorativos. Hoje, a vinícola deixa apenas a linha premium, como a linha Biografia (ainda não chegou ao Brasil) em tonéis de carvalho francês mais novos e menores.

A Dante é, também, a única vinícola da região a fazer espumante com a champanheira. É o caso da linha Gran Dante Brut Nature, que também não vai ser comercializada no Brasil por enquanto, e levou dois anos para produção. Outro rótulo feito de forma especial é o Dante. Fácil de beber e bastante refrescante, esse rótulo de espumante pet nat é feito com método ancestral, numa produção de apenas 10 mil garrafas.

* A jornalista viajou a convite da Ambev

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