Fundação Nobel informou que entre os que responderão aos questionamentos está o Nobel de Literatura, Vargas Llosa (Mario Tama/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 9 de maio de 2012 às 23h13.
Madri - O escritor peruano Mario Vargas Llosa acredita que a literatura criada 'diretamente para os tablets' pagará o mesmo preço que a televisão, pois se banalizará e cairá na frivolidade.
'É um temor, tomara que não aconteça', declarou nesta quarta-feira o Prêmio Nobel de Literatura de 2010 ao discursar no ciclo que a Biblioteca Nacional da Espanha organizou para comemorar seu terceiro centenário, celebrado neste ano.
Vargas Llosa, de 76 anos, manteve um debate com o jornalista Sergio Vila-Sanjuán. Entre outros temas, o escritor mencionou sua paixão pela leitura desde criança, o nascimento de sua vocação literária, seu amor pelas bibliotecas e seu temor de que os aparelhos eletrônicos afetem o conteúdo da escrita.
Ao contrário do que dizem 'com tanta certeza os defensores do livro eletrônico', o escritor peruano não acredita que 'o suporte seja insensível ao conteúdo'.
Ele baseia seu convencimento no que aconteceu com a televisão: 'Por que a televisão banalizou tanto os conteúdos, quando é um instrumento extraordinário para chegar a grandes públicos, mas foi incapaz de se transformar em um transmissor de grandes ideias, de grande arte ou literatura?', questionou o autor.
Em sua opinião, a televisão 'não chegou a lugar algum, porque aponta ao mais baixo para chegar ao maior número de pessoas'.
Vargas Llosa disse não se opor ao entretenimento e afirmou existir boas séries televisivas, 'mas ler (Marcel) Proust ou (James) Joyce não é o mesmo que assistir a uma série'.
Em um salão de eventos abarrotado de público - e com dezenas de pessoas que tiveram de acompanhar a conversa do lado de fora por um telão -, Vargas Llosa afirmou que a coisa mais importante que aconteceu em sua vida foi aprender a ler aos cinco anos de idade. Desde então, segundo ele, começou a viver 'grandes experiências' graças aos livros. 'A leitura me mudou a vida'. EFE