Seattle, possível destino para a pandemia (Dan Mihai/Getty Images)
Daniel Salles
Publicado em 3 de outubro de 2020 às 06h30.
Para alguns, uma pandemia não é o momento ideal para viajar. No entanto, para alguns jovens nos Estados Unidos, é o momento perfeito.
Durante o verão no hemisfério norte, Bret Collazzi e a noiva Di Gao decidiram cancelar o contrato de aluguel do apartamento em Nova York, comprar um carro e passar o futuro previsível viajando pelo país enquanto trabalhavam remotamente. Primeiro passaram algumas semanas em Catskills, e o plano para o outono é dirigir de Nova York a Seattle, depois seguir para cidades na Califórnia, Texas e voltar pela Louisiana.
“Sempre conversamos sobre como seria viver em outros lugares, mas nunca tivemos a coragem de simplesmente agir e mudar”, disse Collazzi, de 36 anos, consultor de desenvolvimento econômico. “Nunca parecia o momento certo para fazer isso. Que melhor época para testar como é estar em todas essas cidades de que sempre falamos?”
Sem filhos, hipoteca ou escritórios para prendê-los, alguns americanos têm pulado de cidade em cidade em busca de novos cenários e espaços abertos.
Impulsionando essa tendência estão alguns grandes empregadores que só esperam o retorno dos funcionários ao longo de 2021. Embora alguns bancos de Wall Street já pressionem as equipes para voltarem aos escritórios, grandes empresas de tecnologia, como Google, da Alphabet, Facebook e Amazon.com estenderam políticas de trabalho remoto - e algumas até tornaram o acordo permanente.
Pessoas como Collazzi, que podem trabalhar remotamente, descobrem que as restrições impostas às viagens internacionais estimulam o turismo doméstico.
Mais de 34% das pessoas substituíram parte ou todo o trabalho presencial pelo remoto de 2 a 14 de setembro, de acordo com a pesquisa Household Pulse Survey, do Censo dos EUA. Pessoas com empregos de baixa remuneração normalmente não tinham a mesma flexibilidade dos que ganham mais: mais de 61% das famílias que recebem mais de US$ 100 mil por ano disseram que puderam substituir o teletrabalho por algum trabalho presencial, em comparação com 25% das famílias que ganham menos de US$ 100 mil.