Tiago Camilo sofre com "judô feio" e fica sem medalha
O judoca começou a Olimpíada de Londres com duas vitórias por ippon e reviveu as lembranças do título mundial conquistado em 2007
Da Redação
Publicado em 1 de agosto de 2012 às 14h52.
Londres - Com preferência pelo ippon, Tiago Camilo sofreu com o jogo tático de seus adversários - classificado pelo brasileiro como "feio" - e perdeu as duas lutas que poderiam levá-lo ao pódio olímpico pela terceira vez em sua terceira Olimpíada nesta quarta-feira.
O judoca começou a Olimpíada de Londres com duas vitórias por ippon e reviveu as lembranças do título mundial conquistado em 2007 só com vitórias pela pontuação máxima do judô. No entanto, foi mais um judoca brasileiro favorito a subir ao pódio que não conseguiu atingir o objetivo, assim como o líder do ranking mundial Leandro Guilheiro na véspera.
Os brasileiros, considerados lutadores técnicos que buscam sempre a pegada no alto do quimono do adversário, sofreram contra adversários que dificultaram seu estilo de lutar. Numa comparação com o futebol, os adversários jogam na retranca contra os brasileiros buscando um gol no contra-ataque, segundo os judocas.
"Todo mundo luta com a regra e o judô acaba ficando feio. Eu busco o ippon sempre. O que me dá prazer é dar ippon", disse Camilo, que derrotou o ucraniano Roman Gontiuk e o italiano Roberto Meloli com ippons em seus dois primeiros combates na categoria médio (até 90kg).
"Mas jogar com a regra é do esporte e é valido também", acrescentou o judoca, de 30 anos, que conquistou suas duas medalhas olímpicas em categorias diferentes, entre os leves (até 73kg) nos Jogos de Sydney e entre os meio-médios (até 81kg) em Pequim.
Ao longo das Olimpíadas muitas lutas da competição de judô foram decididas por punições ou na decisão dos juízes e poucos combates acabaram em ippons, em todas as categorias. A favor do Brasil, Sarah Menezes conquistou seu ouro na categoria ligeiro (até 48kh) sem aplicar nenhum ippon.
Com o início arrasador nesta quarta, Camilo, medalha de prata nos Jogos de Sydney-2000 e de bronze em Pequim-2008, despontou como um diferencial, mas seu estilo só encaixou até a luta das quartas de final, que foi vencida por ele contra o uzbeque Dilshod Shoriev justamente após punições impostas ao adversário.
A partir daí o brasileiro teve duas lutas valendo medalha -- a semifinal contra o sul-coreano Dae-Nam Song e a disputa do bronze contra o grego Ilias Iliados, atual número um do mundo-- mas foi batido em ambas e desabou em lágrimas de frustração pelas oportunidades desperdiçadas.
"Batalhei muito para chegar bem nessa Olimpíada e cheguei na semifinal com boa chance de ir para final. Acabei errando na luta contra o coreano e depois com o Iliados foi bem equilibrada, truncada, e a diferença foi na punição", lamentou o brasileiro.
"Agora a gente fica bastante abalado, eu sempre saí das Olimpíadas com medalha, então está sendo duro para mim."
"Guerra"
A marcação sobre os brasileiros já era esperada pela comissão técnica da seleção de judô, que possui inclusive uma ampla estrutura de estudo dos judocas de ponta dos outros países através de milhares de horas de gravações de lutas recentes.
Ainda assim, tanto Guilheiro como Camilo não conseguiram encontrar formas de driblar a marcação adversária.
"Eles sabiam que essa possibilidade existia e treinaram para isso, mas não conseguiram encontrar uma saída", disse o chefe da equipe brasileira de judô, Ney Wilson. "A gente está numa guerra, não dá para querer lutar só com seu estilo, bonitinho, querer jogar de ippon. Tem que lutar tudo." Com mais uma derrota de um favorito ao pódio, a meta de quatro medalhas estabelecida pela Confederação Brasileira de Judô fica ainda mais distante de ser alcançada, frustrando a enorme expectativa gerada em torno do esporte após um primeiro dia de Olimpíada com o ouro de Sarah Menezes e o bronze de Felipe Kitadai.
Dos quatro judocas brasileiros que ainda vão competir nos Jogos, apenas Mayra Aguiar --líder do ranking mundial do peso meio-pesado (até 78kg)-- estava na lista de provável pódio antes da Olimpíada.
Londres - Com preferência pelo ippon, Tiago Camilo sofreu com o jogo tático de seus adversários - classificado pelo brasileiro como "feio" - e perdeu as duas lutas que poderiam levá-lo ao pódio olímpico pela terceira vez em sua terceira Olimpíada nesta quarta-feira.
O judoca começou a Olimpíada de Londres com duas vitórias por ippon e reviveu as lembranças do título mundial conquistado em 2007 só com vitórias pela pontuação máxima do judô. No entanto, foi mais um judoca brasileiro favorito a subir ao pódio que não conseguiu atingir o objetivo, assim como o líder do ranking mundial Leandro Guilheiro na véspera.
Os brasileiros, considerados lutadores técnicos que buscam sempre a pegada no alto do quimono do adversário, sofreram contra adversários que dificultaram seu estilo de lutar. Numa comparação com o futebol, os adversários jogam na retranca contra os brasileiros buscando um gol no contra-ataque, segundo os judocas.
"Todo mundo luta com a regra e o judô acaba ficando feio. Eu busco o ippon sempre. O que me dá prazer é dar ippon", disse Camilo, que derrotou o ucraniano Roman Gontiuk e o italiano Roberto Meloli com ippons em seus dois primeiros combates na categoria médio (até 90kg).
"Mas jogar com a regra é do esporte e é valido também", acrescentou o judoca, de 30 anos, que conquistou suas duas medalhas olímpicas em categorias diferentes, entre os leves (até 73kg) nos Jogos de Sydney e entre os meio-médios (até 81kg) em Pequim.
Ao longo das Olimpíadas muitas lutas da competição de judô foram decididas por punições ou na decisão dos juízes e poucos combates acabaram em ippons, em todas as categorias. A favor do Brasil, Sarah Menezes conquistou seu ouro na categoria ligeiro (até 48kh) sem aplicar nenhum ippon.
Com o início arrasador nesta quarta, Camilo, medalha de prata nos Jogos de Sydney-2000 e de bronze em Pequim-2008, despontou como um diferencial, mas seu estilo só encaixou até a luta das quartas de final, que foi vencida por ele contra o uzbeque Dilshod Shoriev justamente após punições impostas ao adversário.
A partir daí o brasileiro teve duas lutas valendo medalha -- a semifinal contra o sul-coreano Dae-Nam Song e a disputa do bronze contra o grego Ilias Iliados, atual número um do mundo-- mas foi batido em ambas e desabou em lágrimas de frustração pelas oportunidades desperdiçadas.
"Batalhei muito para chegar bem nessa Olimpíada e cheguei na semifinal com boa chance de ir para final. Acabei errando na luta contra o coreano e depois com o Iliados foi bem equilibrada, truncada, e a diferença foi na punição", lamentou o brasileiro.
"Agora a gente fica bastante abalado, eu sempre saí das Olimpíadas com medalha, então está sendo duro para mim."
"Guerra"
A marcação sobre os brasileiros já era esperada pela comissão técnica da seleção de judô, que possui inclusive uma ampla estrutura de estudo dos judocas de ponta dos outros países através de milhares de horas de gravações de lutas recentes.
Ainda assim, tanto Guilheiro como Camilo não conseguiram encontrar formas de driblar a marcação adversária.
"Eles sabiam que essa possibilidade existia e treinaram para isso, mas não conseguiram encontrar uma saída", disse o chefe da equipe brasileira de judô, Ney Wilson. "A gente está numa guerra, não dá para querer lutar só com seu estilo, bonitinho, querer jogar de ippon. Tem que lutar tudo." Com mais uma derrota de um favorito ao pódio, a meta de quatro medalhas estabelecida pela Confederação Brasileira de Judô fica ainda mais distante de ser alcançada, frustrando a enorme expectativa gerada em torno do esporte após um primeiro dia de Olimpíada com o ouro de Sarah Menezes e o bronze de Felipe Kitadai.
Dos quatro judocas brasileiros que ainda vão competir nos Jogos, apenas Mayra Aguiar --líder do ranking mundial do peso meio-pesado (até 78kg)-- estava na lista de provável pódio antes da Olimpíada.