Acredite: Porsche 911 Turbo S é o superesportivo que tem até porta-malas
Dá para viajar com passageiros e ainda dirigir no dia a dia um cupê de R$ 1,5 milhão? Nós provamos que sim
Gabriel Aguiar
Publicado em 29 de julho de 2021 às 11h44.
O Porsche 911 Turbo S é, atualmente, a opção mais poderosa do modelo por aqui – pelo menos até os alemães trazerem o GT3. Mas tenho uma teoria: o superesportivo está longe de ser restrito às pistas e pode servir no dia a dia sem problemas. Para comprovar essa tese, dirigi o cupê de 1.509.000 reais no trânsito de São Paulo e também viajei (com dois passageiros) por 400 km. E deu certo!
Experiência na cidade
Como a facilidade de acesso não é prioridade neste cupê, não surpreende que, para entrar, o motorista tenha de fazer alguns contorcionismos. E, para os sedentários, é recomendado até algum alongamento antes de finalmente assumir a direção. Por outro lado, uma vez “encaixado” no banco, todos os botões estão ao alcance das mãos, bem ao estilo carro de corrida, seja no volante ou console.
Claro que, comparado aos carros mais comuns – e, aqui, me refiro ao estilo de carroceria, como sedãs e SUVs, em vez do preço –, faltam algumas comodidades. Não digo de tecnologias ou de recursos, afinal, o 911 Turbo S ar-condicionado de duas zonas, bancos com ajustes elétricos, chave presencial com partida por botão, sensores de estacionamento e câmera de ré. Mas esqueça os porta-objetos.
Se encontrar um espaço para deixar a carteira ou até mesmo o celular pode ser difícil, ao menos dá para visitar o drive-thru do McDonald’s (ou retirar seu pedido no premiado Ryo Gastronomia ) sem equilibrar as bebidas entre curvas e lombadas. Isso porque, além do porta-copos central, logo abaixo do comando de freio de estacionamento, há outro escondido abaixo da saída de ventilação à direita.
Surpreendentemente, bastaram poucos minutos para me acostumar à largura de 1,90 m – pouco menos de 10 cm menor que uma banheira como o Ford Landau, por exemplo. Nem mesmo as ruas estreitas da capital, divido entre faixa de ônibus e corredor de motos foram capazes de assustar. Para vencer rampas de garagens, basta tocar um botão no painel e toda a suspensão dianteira levanta 4 cm.
Experiência na estrada
Primeira surpresa positiva é o porta-malas com 128 litros. Parece pouco? Talvez. Mas já é suficiente para acomodar quatro mochilas médias. Neste caso, parte do sucesso se deve ao bom acesso (afinal, fica sob o capô), mas também à praticidade, já que o espaço é praticamente um caixote retangular, sem ângulos que limitem as malas. Esse espaço só existe porque o estepe deu lugar ao kit de reparos.
Por outro lado, quem sentar na segunda fileira precisa negociar com o passageiro da frente: é necessário colocar o banco bem próximo ao painel para restar algum espaço a qualquer pessoa com mais de 1,70 m de altura que se aventure atrás. Claro que os dois pequenos bancos são praticamente decorativos (ainda que tenham cintos de segurança) e, originalmente, serviriam apenas a crianças pequenas.
Como é para dirigir
Para quem olhar somente a ficha técnica, o motor de cilindros opostos 3.8 turbo com 650 cv de potência e 81,6 kgfm de torque pode até parecer um exagero no dia a dia. Mas a verdade é que, graças ao seletor de modos de condução, dá para controlar as emoções do conjunto e dirigir como se estivesse ao volante de um despretensioso Macan. Ou aproveitar todo o fôlego para ultrapassar em segundos.
Se eu tivesse que definir o 911 Turbo S em apenas uma palavra, talvez seria versatilidade. Isso porque, o mesmo carro dócil que dirigir no dia a dia caótico sem nenhum problema, se tornou um esportivo digno das pistas quando ativei a personalidade mais agressiva. Se não for suficiente, o botão no volante libera toda o poder por 20 segundos – no Sport Response. Depois de 2,7 segundos, são 100 km/h.
Para motoristas de primeira viagem (ou apenas iniciantes no mundo dos modelos com tração traseira), há uma novidade muito bem-vinda: com o modoWetativado, esqueça qualquer risco de fazer besteira nas curvas sob chuva. Afinal, essa era uma preocupação real até mesmo para pessoas experientes nas gerações anteriores do esportivo. Aliás, nesta versão, a tração é sempre nas quatro rodas.
Gostou do que viu (e leu)? Então, mais que preparar o bolso, será necessário controlar a paciência, pois esse é o modelo mais vendido da Porsche por aqui neste ano: foram 588 emplacamentos só no primeiro semestre. Para ter ideia, é pouco menos que Cayenne e Macan somados, o que daria 636 unidades. E há fila de espera para colocar o superesportivo na garagem. Mas convenhamos: valerá a pena.