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Sundance mostra a cara da dívida em documentário

O filme "Payback" explora as inúmeras caras da dívida - moral, financeira, legal e ambiental

O filme é uma adaptação de um livro de Margaret Atwood (foto), que aborda o tema da dívida pública e foi lançado em 2008, antes da explosão da crise
 (Mike Clarke/AFP/AFP)

O filme é uma adaptação de um livro de Margaret Atwood (foto), que aborda o tema da dívida pública e foi lançado em 2008, antes da explosão da crise (Mike Clarke/AFP/AFP)

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Da Redação

Publicado em 26 de janeiro de 2012 às 17h32.

Park City - Um documentário apresentado no Sundance Festival de cinema independente, em Park City (Utah, oeste dos EUA), explora as inúmeras caras da dívida - moral, financeira, legal e ambiental - através da adaptação de um ensaio da escritora canadense Margaret Atwood.

Apresentado no festival que vai até domingo, "Payback" (recuperação de investimento, numa tradução literal) está em competição pelo grande prêmio de documentário internacional.

A cineasta, a canadense Jennifer Baichwal, que já se apresentou outras vezes em Sundance, admite que, no começo, rejeitou a proposta de adaptar "Payback: Debt and the Shadow Side of Wealth".

O livro de Margaret Atwood, que aborda o tema da dívida pública, foi lançado em 2008, antes da explosão da crise financeira e econômica.

"Achava que seria uma produção linear sobre dinheiro e não estou acostumada a fazer filmes de investigação. Mas quando li o livro, fiquei fascinada", declarou ela à AFP.

No entanto, tinha que encontrar a maneira de expor em imagens as reflexões de Atwood, uma representante emblemática da literatura canadense, autora de trabalhos de reflexão, ao mesmo tempo atraentes, como "O Conto da Aia" e o livro "Assassino Cego".

"Pensei que a única forma de apresentar um filme sobre o livro seria através de histórias viscerais, de imagens presentes da dívida e da relação íntima entre o credor e o devedor", explicou Baichwal.

Assim, dividi o filme em quatro partes - a dívida financeira, a moral, a legal e a ambiental - passando livremente de uma a outra entrecruzando-as com imagens do trabalho de Margaret Atwood.

"Todas as minhas produções têm um final aberto. Não são lineares", precisou Baichwal. "O que me interessa é criar um espaço para pensar as coisas de maneira diferente".


Os dois planos mais fortes são os dedicados às dívidas financeira e moral. Para o primeiro, Bachwal se interessou por uma organização de imigrantes encarregados da colheita de tomates na Flórida (sudeste) e que obteve, graças à própria mobilização, melhoras em suas condições de trabalho.

A segunda, que se passa na Albânia, está ilustrada por um trágico "impasse" em duas famílias, depois de um conflito entre dois de seus membros. Um atirou no outro e falhou, o que valeu - segundo um código ancestral código de conduta albanês - o confinamento do atacante na casa da vítima até ser perdoado, o que pode levar vários anos.

A dívida legal está ilustrada pelo perambular de um homem que deixa a prisão, enquanto que o enfoque ambiental aborda as consequências da maré negra provocada pela empresa britânica BP no Golfo do México em 2010.

Baichwal se declara surpreendida com as coincidências entre sua fita e os sobressaltos econômicos mundiais que aconteceram depois da rodagem.

"Comecei o filme depois do 'crack' americano de 2008, pensando que quando o concluísse seria uma história antiga", contou. "Mas (a crise) prosseguiu e, agora, temos todos estes acontecimentos na Grécia e nos países europeus".

Segundo a cineasta, o filme não tem a intenção de fazer propostas para sair da crise, mas provocar reflexão.

"Como disse Margaret Atwood, parece que o ser humano possui, talvez de maneira inata, um sentido de equidade, de equilíbrio", disse. De qualquer forma, é preciso abrir as mentes das pessoas sobre a maneira de pensar a dívida", considerou.

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