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Silêncio de Bob Dylan pode lhe privar do prêmio de US$900 mil

O cantor e compositor norte-americano, um ícone cultural, não disse nada desde que o prêmio Nobel foi anunciado há duas semanas

Dylan: o vencedor precisa fazer uma palestra sobre literatura dentro de 6 meses para receber os 900 mil dólares (Andrew Harrer/Bloomberg)
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Reuters

Publicado em 24 de outubro de 2016 às 17h15.

Última atualização em 24 de outubro de 2016 às 17h39.

Estocolmo - Muitos escritores dariam o braço direito para receber quase um milhão de dólares para fazer uma palestra, mas o silêncio de Bob Dylan desde que foi condecorado com o prêmio Nobel de Literatura pode fazer com que ele jamais receba o dinheiro da premiação.

O cantor e compositor norte-americano, um ícone cultural da dissidência e do protesto a partir dos anos 1960, não disse nada sobre a homenagem anunciada duas semanas atrás.

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Pelas regras do Nobel, o vencedor precisa fazer uma palestra sobre literatura --ou, no caso de Dylan, até uma apresentação--dentro de seis meses para receber os 900 mil dólares da honraria.

Per Wastberg, membro da Academia Sueca que concede o prêmio, disse que o silêncio de Dylan é "mal-educado e arrogante".

A Fundação Nobel não aceita rejeições - o nome de Dylan será listado como o do vencedor de 2016 independentemente do que ele disser, mas o dinheiro do prêmio é outro assunto.

Como condição, Dylan deve dar uma palestra sobre um tema "relevante para a obra para a qual o prêmio foi concedido" não mais do que seis meses após 10 de dezembro, o aniversário da morte do inventor da dinamite, Alfred Nobel.

"É isso que pedimos em troca", disse Jonna Petterson, porta-voz da Fundação Nobel, acrescentando que Dylan também poderia optar por dar um show em vez de uma palestra.

"Sim, estamos tentando encontrar um arranjo que sirva ao laureado (Dylan)".

A palestra não precisa ser concedida em Estocolmo. Quando a romancista britânica Doris Lessing ganhou o Nobel de Literatura em 2007, estava doente demais para viajar. No lugar disso, ela elaborou uma palestra e a envio a seu editor sueco, que a leu em uma cerimônia na capital da Suécia.

A Academia homenageou Dylan, de 75 anos, por "ter criado novas expressões poéticas dentro da grande tradição da canção norte-americana".

As canções de Dylan, como "Blowin' in the Wind", "The Times They Are A-Changin'", "Subterranean Homesick Blues" e "Like a Rolling Stone", capturaram o espírito rebelde e anti-guerra da geração dos anos 1960 e comoveram muitos jovens igualmente mais tarde.

A Academia Sueca despertou alguma polêmica ao escolher Dylan, já que muitas pessoas questionaram se seu trabalho se qualifica como literatura, enquanto outras se queixaram de que a Academia perdeu a oportunidade de chamar atenção para artistas menos conhecidos.

Ao longo dos anos, outros laureados recusaram o prêmio. Um deles foi o filósofo existencialista francês Jean-Paul Sartre em 1964.

Alguns anos depois, quando Sartre passou por dificuldades, seu advogado escreveu à Fundação Nobel pedindo que enviassem o dinheiro a Sartre, o que lhe foi negado.

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